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Évora já começa a sentir os efeitos da Capital Europeia da Cultura

O Presidente da República já promulgou o diploma que cria a Associação Évora 2027. Agentes locais serão chamados a apresentar projetos no início do próximo ano.

Ana Luísa Delgado (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Um ano depois de ter sido anunciado que Évora será a Capital Europeia da Cultura em 2027, continua por criar a associação pública que irá gerir todo o projeto. Depois de promulgado pelo Presidente da República, o despacho do Governo a criar a associação será publicado, em breve, no “Diário da República”. Além da Câmara de Évora, que lidera o processo, a associação irá integrar diversas entidades como o Turismo do Alentejo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, a Universidade de Évora ou a Fundação Eugénio de Almeida.

O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, refere que, apesar da associação ainda não ter sido criada, “não houve nenhum interregno” no trabalho de preparação da Capital Europeia da Cultura, já que a equipa de missão liderada por Paula Garcia “está a fazer o trabalho operacional de concretização” do projeto.

Depois de publicado o despacho para a constituição da associação, prossegue o autarca, as diversas entidades terão de “ajustar” os estatutos e criar um conselho consultivo, “com uma componente científica e outra cultural”, composto por associações e agentes culturais. “Gostaria que a associação estivesse constituída e a funcionar durante o primeiro trimestre do próximo ano. Veremos se isso será possível, apesar dos processos burocráticos”, desabafa.

Quanto ao financiamento, Governo e município assinaram um protocolo que prevê um apoio de 34 milhões de euros por parte da Administração Central. Os primeiros dois milhões de euros deverão chegar em 2024. O orçamento global será superior a 50 milhões de euros.

No início do próximo ano deverá igualmente ser lançamento um “aviso” dirigido a artistas e produtores locais e regionais “para candidatarem projetos” à Capital Europeia da Cultura, sendo atribuída “preferência” a iniciativas que “possam criar raízes no território, densificando o tecido cultural de Évora e do Alentejo”.

De acordo com o dossiê de candidatura, haverá três ‘open calls’ (denominadas “A Nossa Voz”, “A Nossa Vez” e “O Nosso Festival”) , num investimento global de 3,3 milhões de euros destinado a financiar 54 projetos “de pequena e média escala”. A ideia, é “a participação de todos os intervenientes relevantes na cidade e assegurar que todos foram convidados e envolvidos”, refere a mesma fonte, acrescentando que o processo via “apoiar festivais de base regional na criação de algo inovador com novos parceiros europeus, em linha com o conceito de vagar, mas também envolver as escolas, desenvolvendo metodologias especiais de trabalho com alunos e professores, e apoiar a cena cultural local independente para aumentar a sua capacidade de produção”. 

Desta forma, a Capital Europeia de Cultura pretende gerar “um impacto significativo e duradouro nos artistas, técnicos, produtores, públicos, e na coevolução cultural e social da região”, aspecto que assume “particular relevância” dada a “fragilidade de Évora e do setor cultural e artístico alentejano”. Seguir-se-á o lançamento, em 2025, de um outro concurso, este internacional, com um envelope financeiro mais robusto (seis milhões de euros) para “completar o programa artístico”, sendo o processo de seleção entregue ao diretor artístico e a curadores de diferentes áreas.

Um dos grandes projetos de Évora/27 será a criação do Centro Nacional de Dança, dirigido pelos coreógrafos Vera Mantero e João dos Santos Martins e pela investigadora e curadora Liliana Coutinho, apresentado como um dos principais “pilares” da programação.

Este Centro será instalado no antigo Núcleo de Seleção e Armazenagem de Sementes de Évora, e apresenta-se como “um espaço onde coreógrafos, bailarinos, investigadores e público em geral possam mergulhar nesta disciplina artística através de residências, formação, investigação, performances, palestras e conferências”. Envolve um investimento de 900 mil euros.

Entre os projetos “mais robustos” de Évora/27 inclui-se a construção do Centro Cultural de Utilizações Múltiplas [pavilhão multiusos], nas proximidades das Portas de Avis, que será o investimento mais caro no âmbito da candidatura, 12 milhões de euros, para o qual será necessário lançar um concurso público internacional. 

Está igualmente prevista a reabilitação da antiga estação rodoviária, num investimento de dois milhões de euros, para sede da Casa da Memória, e do Mosteiro de São Bento de Cástris (três milhões de euros), onde será instalado o Centro de Documentação e de Interpretação da Música de Sé de Évora, num projeto liderado pelo Eborae Música e pelo Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical/Universidade NOVA de Lisboa.

VISIBILIDADE INTERNACIONAL

Ainda de acordo com Carlos Pinto de Sá, o último ano foi marcado por “muito trabalho” para pôr de pé Évora/27, sendo que a escolha da cidade “deu-lhe, desde logo, uma grande visibilidade nacional e internacional”. O autarca revela que o município “tem recebido contactos de várias partes do mundo, por pessoas e instituições interessadas no nosso projeto”. Um projeto alicerçado no conceito de “vagar”, uma aposta que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, classifica de “muito estimulante” pois “contrasta com o tempo, com o ritmo das nossas vidas, e mostra como a cultura pode ter a capacidade de transformação das identidades individuais e coletivas e revelar um país e uma região que está mais rica e diversa”.

AUMENTO DA NOTORIEDADE

O Turismo do Alentejo começou a preparar um plano de acolhimento para os milhões de visitantes que são esperados em Évora em 2027, sendo que a perspetiva é de um crescimento “substancial” da procura turística já a partir do próximo ano. O presidente do Turismo do Alentejo, José Santos, assinala que “já se nota um grande aumento da notoriedade da cidade e do Alentejo” a nível internacional. “O facto de a cidade ser Capital Europeia da Cultura desperta a atenção dos media nacionais e internacionais de referência. Portanto, mais visibilidade traz mais visitação. E é também expectável que a oferta se adapte, vamos ter obras de remodelação nos hotéis, vamos ter a abertura de novas unidades”, conclui.

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