Um novo estudo publicado na revista científica “Epilepsy & Behavior” revela o impacto da epilepsia no Sistema Nacional de Saúde (SNS), quantificando os internamentos relacionados com esta doença neurológica em Portugal.
O estudo da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) teve o apoio da multinacional italiana Angelini Pharma e analisou dados de hospitais públicos portugueses entre 2015 e 2018.
Durante esse período foram internados 49.481 doentes com epilepsia, num total de 80.494 internamentos, perfazendo uma média de 1,6 internamentos por doente. Os dados indicam que a epilepsia constituiu o diagnóstico primário do internamento em 20% dos doentes, com um tempo médio de hospitalização de oito dias.
Do total de internamentos, aproximadamente 18,5% dos doentes tinham epilepsias refratárias, isto é, crises não controladas com dois ou mais fármacos anti crises epiléticas, e 26,3% dos doentes foram internados em estado de “mal epilético”, uma urgência neurológica que frequentemente exige internamento em unidade de cuidados intensivos.
“O estudo proporciona uma visão abrangente do panorama dos doentes com epilepsia internados em Portugal, contribuindo para uma melhor compreensão do impacto desta doença no SNS. Permitiu apurar dados cruciais para aprofundar o impacto da doença em Portugal.”, afirma Nuno Canas, neurologista e neurofisiologista clínico e membro da direção nacional da LPCE.
Nos doentes em que a epilepsia foi a principal causa de internamento, a hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidémia e doenças psiquiátricas foram as patologias mais frequentemente associadas. Nos restantes 80% dos doentes, a epilepsia foi um diagnóstico secundário, tendo outras patologias sido a causa principal de internamento. Nestes doentes, o tempo médio de hospitalização foi de 13 dias.
Durante o período do estudo, foram registados 9 606 óbitos, dos quais 1345 doentes internados com o diagnóstico primário de epilepsia, sendo que outras causas que não a epilepsia foram a principal causa de mortalidade.
Os resultados obtidos, refere a LPCE, estão alinhados com investigações semelhantes realizadas em países europeus, utilizando uma metodologia comparável. A epilepsia afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo e, apesar de ser uma das patologias neurológicas mais frequentes, ainda é desconhecido o real impacto que tem no SNS.