PUBLICIDADE

Perigo de derrocada encerra avenida em Estremoz

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo foto

Uma das principais entradas na cidade de Estremoz, a Avenida de Santo António, será encerrada à circulação automóvel no próximo mês de julho, após uma recomendação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Em causa está o perigo de derrocada, motivado pela proximidade da estrada ao talude de uma pedreira abandonada.

De acordo com o presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, trata-se de uma “situação de risco”, sinalizada desde 2019. “Quando tomamos posse existia uma informação interna que recomendava realização de um estudo hidrogeológico pois existe passagem de água para o outro lado da estrada, para se proceder ao aterro de forma segura, e que se pedisse ao LNEC uma reavaliação do talude da pedreira”. Essa reavaliação foi feita no início deste ano. O relatório chegou este mês à autarquia, “reitera os riscos já sinalizados” e aconselha dois tipos de medidas. Por um lado, no curto prazo, o encerramento do troço da avenida de Santo António que confina com o talude. Depois, no prazo de um a cinco anos, que se proceda ao aterro da pedreira.

“Em reunião extraordinária de Câmara houve unanimidade na tomada de decisão para procedermos ao encerramento desse troço [com cerca de 300 metros]. Não sendo apontado neste relatório, nem nos anteriores, o risco de derrocada iminente, há riscos de haver algum fenómeno que a possa provocar”, acrescenta o autarca.

Não se trata de uma decisão fácil. E a sua adoção obrigou a reunir entidades como a Proteção Civil, forças de segurança, Infraestruturas de Portugal e Direção-Geral de Energia e Geologia, uma vez que o encerramento deste troço “implica que todo o trânsito de pesados irá passar dentro de Estremoz e isso pressupõe uma série de alterações ao trânsito para diminuir ao mínimo os riscos de acidentes”.

Segundo José Daniel Sádio, “não se podia encerrar esta via no imediato, porque estávamos a reduzir os riscos de um lado e a aumentá-los do outro”. Para já não há previsão relativamente ao período em que durará esta interdição à circulação. Uma alternativa “mais rápida”, mas que ainda poderá “demorar meses” até ser implementada, é o desvio do trânsito no início da avenida para uma zona mais perto do cemitério. “É uma possibilidade que resolve os riscos e garante a normalidade, que agora não existe. Estamos em processo de levantamento topográfico e de custos”. Outra alternativa poderá ser a ligação da avenida Rainha Santa Isabel à Estrada Nacional 4, para a qual também não existe projeto, nem possibilidade de a obra ser cabimentada no orçamento municipal deste ano, nem garantia de financiamento no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio.

“Já reunimos com a IP para abordar a eterna solução a variante ao IP2 e a empresa assumiu o compromisso de, num curto espaço de tempo avançar, com o processo de execução para que depois se possa avançar com a obra”, revela José Daniel Sádio, sublinhando trata-se de uma solução que demorará, pelo menos, cinco anos a concretizar. “É um troço bastante grande que permitirá que todo o tráfego ligeiro e pesado não tenha que passar pelo meio da cidade”.

Além desta intervenção, o autarca lembra que o estaleiro da Câmara, localizado nesta zona, está a ser requalificado. “Era uma obra que tinha uma estimativa total de investimento de 250 mil euros, mas que deverá custar mais de um milhão. O projeto que existia não contemplava as necessidades e os investimentos que estão a ser feitos. Isso tem a ver com opções do anterior executivo”.

Por outro lado, a pedreira que se encontra junto ao cemitério também será intervencionada, mas noutra altura. “Também aqui existem problemas com o talude, tem que se fazer a drenagem… existem lá empresas a laborar e esse trabalho está a ser feito entre as empresas e a DGEG”.

Ainda de acordo com José Daniel Sádio, quando se deu a tragédia de Borba “houve uma série de inspeções e foram sinalizados riscos em todo o país e também em Estremoz”. Os riscos identificados pelo LNEC foram apresentados em 2019. “O que mudou foi a vontade e a forma com que se olha para esta questão”, conclui.

ESTUDO HIDROGEOLÓGICO

Além do encerramento deste troço da avenida de Santo António, o LNEC recomendou ao município a elaboração de um estudo hidrogeológico para perceber como será possível efetuar o aterro da pedreira 177. “Só depois de saber de onde é que a água vem, onde nasce e de fazer a drenagem dessa nascente é que poderemos fazer o aterro em segurança”, revela o presidente da Câmara de Estremoz, acrescentando que o estudo demorará, no mínimo, um ano a ser realizado. Sem isso nem sequer será possível quantificar o custo da obra.

Partilhar artigo:

FIQUE LIGADO

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

© 2024 SUDOESTE Portugal. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.