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Estremoz quer travar parque eólico na Serra d’Ossa

Francisco Alvarenga, texto

Multinacional francesa pretende instalar duas torres com mais de 100 metros de altura na freguesia da Glória. A ideia é estudar a viabilidade da construção de um parque eólico. Autarcas estão contra pois a iniciativa “colide” com o projeto de promover a Serra d’Ossa enquanto destino turístico.

A proposta, diz o presidente da Câmara de Estremoz, “não tem lógica”. E a proposta, apresentada por uma empresa é a instalação de dois mastros anemómetros, ou seja, destinados à medição do vento, com 107 metros de altura, na cumeada da Serra d’Ossa. A ideia é aferir a viabilidade para a construção de um parque eólico no local.

“Não tem lógica apostarmos na Serra d’Ossa como destino turístico e estar lá a colocar torres”, resume José Daniel Sádio, sublinhando que a “posição de princípio” do Executivo municipal é “totalmente contra” a proposta apresentada, ainda que estas torres, com mais de 100 metros de altura, fossem instaladas de forma provisória, isto é, pelo prazo máximo de dois anos.

O projeto partiu de uma empresa detida pela multinacional francesa Akuo – que, em 2020, anunciou a construção de três centrais solares no Alentejo -, segundo a qual o equipamento a instalar na freguesia da Glória permitiria “obter resultados sobre o potencial eólico da região e, consequentemente, verificar a viabilidade de instalação futura de um parque eólico”.

No requerimento entregue ao município, a empresa explica que a intenção é produzir anualmente “até 200 gigawatts de eletricidade, o que corresponde ao consumo de cerca de 62 mil famílias”, num investimento global de 63 milhões de euros.

“A implantação de um parque eólico implicará a presença de trabalhadores no território, em particular durante a fase de construção, contribuindo assim para um incremento do consumo local na restauração e alojamento, mas também para a fixação de conhecimento e de pessoas qualificadas para operar o parque eólico a longo prazo, privilegiando a Akuo a contratação local”, acrescenta o promotor, referindo que as localizações das duas torres “correspondem a zonas de eucaliptal, não interferindo com qualquer afetação de sobreiros”, nem daí resultaria “a destruição de recursos naturais com interesse para a conservação”.

A empresa compromete-se também a ceder ao município uma unidade de produção para autoconsumo, “contribuindo as- sim para uma poupança significativa na fatura energética”, podendo ainda a autarquia candidatar-se a um apoio por parte do Fundo Ambiental correspondente a cerca de 850 mil euros. Mas es- tes argumentos não convenceram o Executivo autárquico.

O vereador Luís Pardal (PS), por exemplo, aponta o que seria o impacto visual associado à concretização deste projeto: “Quem olhasse de Estremoz para Évora-Monte, o que passaria a destacar-se seriam as duas torres. No produto Serra d’Ossa, enquanto destino turístico, [isso] teria uma impacto visual tremendo e retiraria um tesouro que ali temos”.

Recordando que o Alentejo “é muito atrativo para este tipo de investimentos”, a vereadora Sónia Ramos (PSD) defendeu igualmente a necessidade de “cautela” na sua aprovação pois “está a iniciar-se um caminho que não se sabe como irá acabar”, não se conhecendo, sequer, a dimensão do parque eólico projetado para o local.

“Há um ativo que é muito nosso, que importa valorizar e proteger, que é a paisagem alentejana”, acrescentou a vereadora social-democrata, segundo a qual o “desinvestimento total do Estado na agricultura e nas florestas” tem levado os proprietários de terras “a procurarem outro tipo de soluções” para viabilizarem as suas explorações.

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