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Museu Berardo de Estremoz quer ser ‘player’ na investigação

Inaugurado em julho de 2020, o Museu Berardo Estremoz é uma iniciativa conjunta da Associação de Coleções e da Câmara Municipal de Estremoz e quer tornar-se um dos principais ‘players’ em termos científicos da investigação da azulejaria, conseguindo atrair estudiosos sobre esta temática, bem como fazer crescer o número de visitantes ao concelho. 

Diretor do Museu Berardo, onde se contam as estórias e a história dos últimos oito séculos da azulejaria , Hugo Guerreiro, considera que este equipamento museológico veio enriquecer ainda mais o concelho e a região em termos culturais. “Queremos colocar Estremoz como um dos principais ‘players’ em termos científicos, mas também enquanto concelho visitável”, salienta, lembrando que a instituição tem “apostado muito” em conferências sobre a arte da azulejaria, “de maneira que quem queira conhecer o que se passa em termos de azulejos esteja atento ao que acontece em Estremoz para ficar a par das novidades sobre esta temática”.

A instalação do Museu Berardo de Estremoz envolveu a recuperação integral do edifício do Palácio dos Henriques, declarado Monumento de Interesse Público, “contribuindo assim para a reabilitação do património cultural da cidade e para a diversificação da oferta cultural e turística do concelho”.

Hugo Guerreiro lembra que que este equipamento foi inaugurado em plena pandemia, o que levou ao encerramento do edifício e depois de reaberto a uma limitação de visitantes. 

No primeiro ano de abertura recebeu cerca de cinco mil visitantes. Com o regresso à normalidade, o número de entradas tem vindo a crescer. “Como forma de dinamizarmos o espaço e torná-lo mais atrativo, temos feito um conjunto de atividades, ao longo destes dois meses”, nomeadamente com a realização de diversos eventos. 

O diretor do museu afirma também que têm sido realizadas iniciativas educativas com as escolas locais e visitas guiadas e anuncia que está a ser preparado um roteiro do azulejo em Estremoz que “engloba a inevitável visita” ao Museu Berardo, bem como a diversos outros pontos do concelho.  “Pretendemos levar o know how do museu para fora das suas paredes e estamos já a conseguir com múltiplas empresas a contactarem-nos para integrarem este projeto”.

Para além dos painéis que integram a coleção de azulejos, com exemplares que vão do século XIII ao século XXI, o Museu Berardo de Estremoz conta também com obras das coleções de arte e múltiplas exposições que se desenvolvem com base numa programação anual que mostra as obras de autores dos mais diversos contextos culturais e artísticos, representantes das mais variadas expressões e movimentos concetuais que integraram a história da arte até à atualidade.

COLEÇÃO NOTÁVEL

Nas primeiras salas do Museu, o visitante é recebido com um notável conjunto de azulejaria espanhola, que acompanha a evolução das técnicas de corda-seca, aresta e majólica, assim como o alicatado produzido em Sevilha e Granada durante os séculos XIV, XV e XVI. Entrando no vastíssimo acervo de azulejaria portuguesa, um dos destaques – e paradigma da criatividade dos azulejadores de seiscentos – é o painel de azulejos de padrão de “Marvila”, formado por módulos losangulares de 12×12 azulejos, o de maior dimensão concebido no mundo. 

Nas salas do piso térreo está ainda exposto um vasto núcleo de padrões, alguns deles provenientes de igrejas onde a padronagem circunda frequentemente pequenos painéis com figuras de santos, cenas simbólicas ou narrativas religiosas.

Já no piso superior, na denominada “Sala das Batalhas”, encontram-se retratados vários episódios das vitórias militares dos portugueses, imortalizados em painéis encomendados a reputadas oficinas de Lisboa do século XVIII.

A quase exclusividade dos temas religiosos da primeira metade do século XVII dá lugar à proliferação de temas profanos na segunda metade do século. Um dos assuntos da azulejaria portuguesa de seiscentos, representado no Museu Berardo Estremoz e considerado um verdadeiro tesouro, é o das macacarias, cenas satíricas maioritariamente protagonizadas por símios, encontrando semblante no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa. 

Outro dos destaques é uma sala dedicada ao azulejo pombalino, com uma variedade enorme de padrões, e que se prolonga no tempo percorrendo os estilos revivalista e nacionalista dos finais do século XIX e princípios do XX.

O projeto custou cerca de 2,6 milhões de euros, financiados a 75% por fundos europeus.

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