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Estremoz lança projeto pioneiro de prevenção das dependências

Maria Antónia Zacarias texto

A gravidade dos indicadores relacionados com os comportamentos aditivos e dependências na região Alentejo necessita de uma resposta urgente por parte dos municípios. Estremoz avança com projeto de intervenção para consolidar uma “consciência social de solidariedade, participação comunitária, promotoras de saúde”. 

A afirmação é feita pela vice-presidente da Câmara de Estremoz, Sónia Caldeira. Este Plano de Intervenção Municipal de Prevenção de Estremoz, bem como a consulta descentralizada em comportamentos aditivos e dependências do Centro de Respostas Integradas (CRI) do Alentejo Central vão iniciar-se já esta semana. 

“Quanto tivemos conhecimento dos números de comportamentos aditivos no distrito de Évora e no concelho de Estremoz, através de um estudo feito em 2021, percebemos que éramos o segundo município com mais dependências”, conta Sónia Caldeira. Após tomar consciência da situação, o executivo municipal reuniu com o Centro de Respostas Integradas de Évora com o objetivo de perceber como fazer parte da solução, “tendo daí surgido a ideia de darmos respostas a estas problemáticas”. 

A vice-presidente da Câmara explica que este é um projeto “pioneiro” no Alentejo Central, considerando que se trata de um documento em evolução, “contando com as sugestões dos mais variados parceiros com vista à sua operacionalização”, sendo que o CRI pretende dar continuidade a este projeto noutros municípios”. 

A importância do poder local na gestão de respostas para os problemas de adições que afetam indivíduos e comunidades, da intervenção comunitária como pilar da atuação preventiva; e o valor das parcerias e do envolvimento da sociedade civil como fator determinante para o sucesso das atuações em prevenção são apontados como os grandes objetivos deste plano de intervenção. 

A autarca justifica a necessidade da implantação deste projeto a partir dos dados de 2019 apurados pelo CRI do Alentejo Central. Estes contabilizavam 44 utentes/ano com comportamentos aditivos e dependências no território de Estremoz. Até meio deste mês, o CRI acompanhava 33 utentes mais um adolescente em consulta especializada. 

CONSUMOS PREVALENTES

No ano de 2019, o Alentejo era a região do país onde os consumos de álcool eram mais prevalentes e frequentes (acima do total nacional); liderava também com o maior consumo de tabaco, de tranquilizantes/sedativos e de neotrópicos prescritos ou não prescritos. Em 2021, e de acordo com a Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência de Évora, tratava-se da região do país com as maiores prevalências de jogo a dinheiro.

Segundo Sónia Caldeira, os dados regionais são “alarmantes” relativamente aos consumos de álcool, tabaco, canábis, videojogos e jogos a dinheiro, na faixa etária entre os 13 e os 18 anos. “Quando falamos em dependências em jovens no nosso concelho, falamos no álcool e no tabaco e em comportamentos com substâncias, mas falamos igualmente em dependências sem substâncias, como por exemplo os jogos eletrónicos”, reitera.

Um cenário que é transversal no que diz respeito ao consumo de álcool e tabaco nos adultos. “Temos uma grande preocupação com os mais idosos que abusam das raspadinhas. Chegamos à conclusão de que temos muitos idosos a gastar uma grande parte da sua reforma neste jogo que acaba por se tornar um vício na sua vida”, sublinha Sónia Caldeira, acrescentando que no pós-pandemia verificou-se “um aumento crescente das dependências sem substância (ecrãs, jogos a dinheiro, redes sociais, etc.), transversal aos vários ciclos de vida”.

Perante este diagnóstico, o município de Estremoz desenhou este projeto com vista a dar prioridade ao desenvolvimento de políticas e intervenções estruturadas, participadas e baseadas em evidências científicas que contribuam, de forma consistente, “para a eficácia dos resultados na área da prevenção do consumo de substâncias psicoativas e outras dependências”.

RESPOSTAS CLÍNICAS

Entre as várias atividades previstas há a salientar a criação de uma consulta de respostas clínicas para adições com e sem substância. “Esta consulta descentralizada vai funcionar, a partir desta semana, uma vez por mês, no município. Aqui vamos ter uma equipa constituída por uma médica, uma psicóloga, uma assistente operacional e uma assistente técnica para consultar as pessoas que já estão a ser acompanhadas no CRI em Évora”, explica a autarca, acrescentando que esta consulta estará também aberta a pessoas dos concelhos limítrofes como Borba, Vila Viçosa e Alandroal “para que não necessitem de se deslocar até Évora”. 

AÇÕES MONITORIZADAS

O Plano de Intervenção Municipal de Prevenção de Estremoz está assente em vários eixos estratégicos com o intuito de envolver toda a sociedade. No caso do eixo escolar, está previsto o envolvimento dos estabelecimentos escolares do concelho, bem como a realização de sessões de sensibilização e informação dirigidas a pais e alunos, bem como a criação de um programa específico de prevenção das dependências dos ecrãs. Como a prevenção também se faz no seio familiar e desde muito cedo, o projeto pretende apostar, em articulação com outros parceiros com intervenção no setor, na promoção de programas de competências parentais. No âmbito do eixo comunitário, o município pretende aderir à Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, contando com o envolvimento das Juntas de Freguesia para a construção de ações de prevenção e promoção da saúde específicas para estes territórios.

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