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Estremoz dá impulso a roteiro turístico sobre guerras liberais

Margarida Maneta texto | Gonçalo Figueiredo foto

A Casa da Convenção de Évora Monte, onde D. Miguel e D. Pedro IV assinaram o tratado de paz a 26 de maio de 1834, que pôs termo à guerra civil, ou o Castelo de Estremoz, onde as tropas miguelistas assassinaram, de forma impiedosa, 39 liberais que ali se encontram detidos, estarão entre os espaços de paragem obrigatória no futuro roteiro Alentejo Liberal. A ideia, agora apresentada, pretende “acrescentar valor aos territórios”, dinamizando o turismo cultural.  

O roteiro Alentejo Liberal será “o primeiro projeto do género para uma região”. Quem o diz é Hugo Guerreiro, chefe de Divisão Cultural da Câmara de Estremoz. Até aqui, referem, só foram criados roteiros citadinos, no Porto e em Aveiro. 

“O projeto é ainda muito embrionário”, acrescenta Hugo Guerreiro, mas o objetivo já está bem vincado. Trata-se de “um roteiro que passa pelos locais mais emblemáticos da História em termos de personalidades, edifícios e espaços onde ocorreram batalhas, pequenos confrontos ou até onde se situam antigos palácios de famílias que tenham tomado partido pelos miguelistas [D. Miguel] ou pelos liberais [D. Pedro IV] ”, explica Hugo Guerreiro.

A proposta foi apresentada ao município por Augusto Moutinho Borges, investigador do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa e membro da Academia Portuguesa da História. Segue-se agora o mapeamento dos locais que vão integrar a rota, bem como a apresentação do projeto à Entidade Regional de Turismo do Alentejo e do Ribatejo.

A lista de “passagens obrigatórias” é extensa, com destaque para Évora Monte e Estremoz. O roteiro vai culminar na Casa da Convenção que “é, de facto, um espaço que temos a valorizar aqui no município, primeiro com um Centro Interpretativo e, agora, com esta rota que vai valorizar ainda mais esse espaço porque depois tudo vai lá ter”, esclarece Hugo Guerreiro. Naquele espaço, em Évora Monte, aconteceu “o culminar da guerra civil de 1828 a 1834 e de todo o processo anterior que conduziu a essa mesma beligerância”. 

Já Estremoz, também com um papel nas guerras liberais, foi onde ocorreu o denominado “crime dos armazéns”. “Parte da população de Estremoz assassinou 33 presos liberais que estavam encerrados no Castelo que, então, era um armazém de armas e isto demonstra o ódio visceral que havia entre ambas as partes”, explica Hugo Guerreiro.

Além de aprender sobre a História do país, importa também aprender com essa mesma história. E, foi nesse seguimento que, no Colóquio “Alentejo Liberal”, organizado a propósito do aniversário da Convenção de Évora Monte, José Daniel Sádio, presidente da Câmara Municipal de Estremoz, afirmou: “Nos dias de hoje, num contexto em que autocratas procuram limitar as liberdades, entendemos ser importante dar a conhecer o projeto dos constitucionalistas de modernização do país de forma a cimentar as liberdades fundamentais do povo”.  E acrescentou: “Debatermos este período, os seus erros e conquistas é também uma demonstração de que as liberdades não estão garantidas”.  

Além dos locais já enumerados, o chefe de Divisão Cultural do município de Estremoz aponta “o Palácio dos Duques de Cadaval, em Évora, onde D. Miguel se refugiou em último lugar, mas também Nisa, Portalegre, Beja e Sines”, como parte integrante desta rota. “Há imensas terras onde quer os miguelistas quer os liberais tiveram uma ação importante para um combate que depois se desenvolveu entre 1828 e 1834”, acrescenta.

Isto não significa, no entanto, que todas elas estejam identificadas. “Este é um período que está escassamente estudado”, defende. “Acredito que há aldeias, vilas e cidades que não conhecem locais emblemáticos deste período histórico e que os têm no seu território”. Este projeto revela-se, portanto, “uma forma de educar, acrescentar valor e oportunidades para o turismo cultural que está a crescer”.

É ao acrescentar valor a estes locais que se assegura que estes “sejam mais visitados, haja oportunidade de negócio, de fruição cultural e das pessoas conhecerem melhor o território”. 

Pela sua abrangência em termos regionais, a proposta vai seguir para a Entidade Regional do Turismo porque, nas palavras de Hugo Guerreiro, “não faz sentido ser um município a liderar” todo o processo. E José Daniel Sádio complementa: “Pensamos que Entidade Regional do Turismo do Alentejo e do Ribatejo terá aqui um papel fundamental na reunião de vontades e verbas para a sua consecução”.

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