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“Estamos cá para servir a festa, não para nos servirmos da festa”

Margarida Maneta texto | Gonçalo Figueiredo foto

Duas décadas depois da sua fundação, a Tertúlia Tauromáquica de Estremoz vê concretizada a ambição antiga de gerir a praça de toiros da cidade, ao vencer o concurso recentemente lançado pela autarquia. Atualmente com 45 sócios e, diz-se, com outros tantos em vista, a associação quer ganhar a confiança dos aficionados alentejanos e “deliciar-se” com casas cheias. E se falamos em casa, a dos aficionados, essa, garante Marco Pernas, presidente da Tertúlia, é para “manter em condições”. A praça de toiros de Estremoz, agora com gestão da TTE, volta a abrir portas já na corrida da FIAPE. 

Alcançar o direito de exploração da praça era uma ambição antiga?

Sim, sim. A associação foi constituída para juntar os aficionados e entidades para recuperação da praça, uma vez que, na altura da nossa fundação, a praça ainda estava em ruínas. Sempre tentámos organizar eventos, mas havia um diferendo com o anterior Executivo porque protestámos sobre a maneira como a praça foi explorada na inauguração. A partir daí foi-nos bloqueada abertura para a execução de eventos. O atual executivo achou por bem, já que há duas associações do concelho, abrir concurso para perceber qual é que tinha o melhor projeto para a praça e o nosso foi selecionado. Este projeto é o mesmo que apresentámos várias vezes ao anterior Executivo e foi suficiente para mostrar que temos ideias e capacidades para “levantar” a praça de Estremoz.

E que projeto é esse?

Temos muitos eventos para realizar. As corridas de toiros, que são os espetáculos mais formais, uma pela Feira Internacional Agropecuária de Estremoz (FIAPE), outra pelas festas de setembro e uma novilhada em junho/julho vão ser feitas em parceria com a empresa Toiros & Tauromaquia. Também teremos o espetáculo carnavalesco, em que se oferecem bilhetes às crianças de todas as escolas, bem como demonstrações de toiros e treinos de forcados à porta aberta. Está também prevista uma novilhada, com fado e toiros. Realizaremos também as tradicionais garraiadas, mas com a particularidade de a receita, este ano, ser a favor dos Bombeiros Voluntários de Estremoz, do Clube de Futebol e da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas (CERCI) de Estremoz. Noutros anos serão a favor de outras instituições sociais. Pretendemos também criar o dia do aficionado que contará com colóquios e demonstrações na praça. Vamos criar uma gala de final de temporada para galardoar os triunfadores da praça de Estremoz, ou seja, o melhor toiro, o melhor toureiro, o melhor bandarilheiro, a melhor pega do conjunto de todos espetáculos aqui realizados. E queremos também gerar condições para, junto à praça de toiros, se abrir um espaço de restauração… no fundo, criar um ambiente taurino em redor da praça.

Em que momento é que a tauromaquia se encontra?

Encontra-se bem. Quanto mais as forças anti-touradas atacam a atividade, mais as pessoas vão demonstrar a sua vontade [de assistir à festa brava]. Houve uma altura, em Portugal, que havia muitas praças desmontáveis, o que significava que havia corridas em todas as aldeias e isso afastava um pouco os aficionados porque se iam a uma não iam a outra. Neste momento, as corridas estão a funcionar só nas praças fixas e nas datas importantes, que é como deve ser. Todas as corridas, como em Monforte, Évora, Portalegre, Arronches ou Elvas, foram sempre em “casa cheia”.

E a ambição é que Estremoz também seja também “uma casa cheia”?

Vai ser um processo… não será na primeira porque temos de convencer os aficionados a acreditar no trabalho que vai ser desenvolvido. Estremoz teve uma associação oito anos à frente da praça de toiros que não organizou eventos. Acho que todas as empresas de Portugal passaram pela praça de toiros de Estremoz. Ou seja, não houve um trabalho seguido, de cativar o aficionado e nós queremos inverter isso. A TTE está cá para servir a festa, não para se servir da festa. 

E como é que vão conquistar os aficionados? 

Garantindo que estes saem satisfeitos dos espetáculos que vamos realizar. Nota-se já uma grande resposta por parte das pessoas através de contactos telefónicos, mensagens, declarações no Facebook e partilhas. Há também contactos de interessados em entrar para sócios. O município também está empenhado, vai entregar-nos a praça em condições e estas condições são para manter. As pessoas quando vão à praça têm de estar cómodas e de sentir-se bem. Neste momento, até as cadeiras estavam queimadas do sol. Uma praça com 10 anos estava num estado lastimável. Não deveria ter chegado a este ponto.

A corrida da FIAPE será a primeira oportunidade para mostrarem trabalho?

Sim. O cartel está fechado, certamente que os aficionados vão corresponder.

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