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Delimitar os vinhos do Alentejo “foi o cabo dos trabalhos”

Luís Godinho entrevista | Bruno Lino Vassalo vídeo | Gonçalo Figueiredo edição

“Os primeiros aromas que retenho na memória são os da curtimenta, os da fermentação do vinho”. Nascido numa família de agricultores nas Aldeias de Montoito (Redondo), Joaquim Madeira foi o grande impulsionador da delimitação geográfica dos vinhos do Alentejo. 

Técnico da Direção Regional de Agricultura do Alentejo, integrou na década de 80 a comissão instaladora da Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo (ATEVA). “Estava a ver o setor sem organização nenhuma, as regiões demarcadas do país a irem para a frente e o Alentejo a ficar para trás”.

Começou a trabalhar a tempo inteiro na ATEVA em 1983. Embora antes disso tenha feito programas para formação de viticultores, trabalhadores vitícolas e adegueiros. “Era fundamental profissionalizar o setor”, recorda Joaquim Madeira, em entrevista à SW Portugal.

Por essa altura integra também uma equipa técnica que elabora o esboço para a delimitação geográfica dos vinhos alentejano. “Foi o cabo dos diabos. começámos este trabalho antes da década de 80. Fui a 68 reuniões a Lisboa”. 

A delimitação só ocorreria vários anos depois. “O Alentejo é um terço da área do país, tinha duas atividades agrícolas em processo de degradação, a pecuária e os cereais. Imagine esta imensidão, com este tipo de terras, sem ter de andar a fazer socalcos, imagine o que era o Alentejo à solta a fazer vinho… era preciso travar”. 

O processo, no entanto, era imparável. Em 1987 a região é demarcada. Dois anos depois é constituída a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), de cuja direção Joaquim Madeira faz parte, presidindo a este organismo entre 2001 e 2008. Rapidamente os vinhos alentejanos conquistaram a liderança do mercado nacional.

Na entrevista à SW Portugal, Joaquim Madeira traça a história desse período, recorda os tempos de infância e lembra que o vinho “é o mais marcante” a nível da agricultura: “A gente produzia porcos alentejanos, idênticos aos dos outros, o mesmo com os borregos ou com os queijos. Os vinhos não. Estão muito dependentes de quem os faz, identificam melhor a casa. E foi isso que nos marcou”.

Uma entrevista de fundo onde também se olha para o presente e o futuro do setor.

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