Luís Godinho (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)
O Ministério da Cultura ainda não encontrou solução para o restauro da muralha do castelo de Veiros que ruiu em dezembro. Há perigo de novas derrocadas.
Ainda não existe solução para o restauro da muralha do castelo de Veiros, que ruiu há 10 meses na sequência de uma forte chuvada. “Têm sido feitas várias diligências, ainda sem desfecho positivo, no sentido de encontrar a solução para fazer face à intervenção necessária sendo que se trata de um bem de propriedade privada e que os proprietários, um organismo com estatuto de Fundação, também não possuem os meios para fazer face ao problema”, diz a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, em resposta escrita a um conjunto de perguntas formulado pela SW Portugal/Brados do Alentejo.
Ana Paula Amendoeira garante que a Direção Regional “tem estado sempre em articulação com o Município de Estremoz e com os proprietários, no sentido de se encontrar uma solução” para o problema, ou seja, “encontrar os meios financeiros para a intervenção”.
Depois da derrocada, prossegue, foi feito um auto de vistoria “com diagnóstico e proposta de intervenção” tendo sido “sinalizado o ocorrido com as respetivas necessidades de intervenção no âmbito dos levantamentos solicitados pelo Governo relativamente aos danos ocorridos causados pelas
intempéries em vários pontos da região Alentejo”. Mas, até agora, nada.
“Enviámos para o Ministério da Cultura o orçamento e o relatório do que é preciso fazer”, confirmou o presidente da Câmara de Estremoz em reunião pública da autarquia, na qual reconheceu que o município “não tem capacidade [financeira] para efetuar esse investimento”.
Em causa, tanto para o restauro como para a consolidação da muralha, estará um investimento global de cerca de 1,5 milhões de euros. “É um problema grave que estamos com dificuldade em resolver”, sublinhou José Daniel Sádio, recordando que o avanço da obra envolve igualmente a “concessão” do Castelo ao Município de Estremoz.
Conforme noticiado pela SW Portugal, um relatório técnico da Direção Regional de Cultura do Alentejo alerta para o perigo de virem a ocorrer novas derrocadas no Castelo de Veiros e para a necessidade urgente de se procederem a trabalhos de “escoramento e proteção” da muralha.
Tendo identificado o risco “do pano interior” da muralha e dos “topos remanescentes” na zona onde se verificou o colapso também virem a ruir, o mesmo sucedendo com os cubelos (torreões) e com uma torre quadrangular que lhe é próxima, o documento recomendou a interdição do caminho a norte e a poente da muralha de Veiros, encontrando-se percursos alternativos para acesso aos terrenos aí localizados.
É ainda defendida “a urgente necessidade de se proceder ao escoramento e contenção dos
elementos remanescentes e em risco”, recorrendo a uma torre de contenção e a andaimes para “envolver os topos da muralha não compassados, o pano interior e as alvenarias em risco”, trabalhos a realizar “com base em estudo específico de avaliação de riscos” e projeto elaborado por uma equipa especializada
Elaborado pelo arquiteto João O. Pires, o relatório explica que a parte da fortificação que ruiu “corresponde a cerca de 10 metros de comprimento”, situação que se ficou a dever à inexistência de pavimento ou drenagem no adarve, o que “terá contribuído para a acumulação de água no interior da muralha e, consequentemente, [para] o aumento de pressão e o colapso desta alvenaria”.