Ana Luísa Delgado texto
Sem socorro em caso de acidentes, ou doenças súbitas… “guerra” interna nos Bombeiros de Sousel deixa população desprotegida, durante a noite e aos fins de semana.
A partir das 19h00, diz o comandante dos Bombeiros de Sousel, José Fernandes “deixamos de ter os assalariados aos serviço, o socorro passa a ser prestado pelo voluntariado e esse está todo na reserva”. Ou seja, “os profissionais não estão disponíveis para fazer voluntariado” e, assim, o serviço prestado pelo INEM está “parado” até ao amanhecer do novo dia.
“Ainda na semana passada aconteceu não termos nenhum socorro. Das 20h00 de sexta e, praticamente, à meia-noite de sábado, não houve atendimento”, acrescenta José Fernandes, assegurando que os operacionais estão a “tentar resolver juridicamente” o problema, como forma de voltar a garantir o socorro às populações.
“Queremos que o presidente da direção se demita. Essa negociação não está em causa. Estamos é a ficar cansados com a posição da restante direção. No passado dia 6, por exemplo, saiu um comunicado onde proíbe que todos os bombeiros que passaram à reserva entrarem nas instalações”, acrescenta.
No início do mês, a direção dos Bombeiros Voluntários de Sousel emitiu um comunicado a “exigir” que o Ministério Público investigue factos que considera “graves e inaceitáveis” por parte do comandante da corporação, que foi entretanto destituído do cargo. Segundo a Lusa, por considerar que “o vínculo de confiança” com o comandante José Fernandes “deixou de existir”, a direção revelou que “deliberou a sua destituição de funções nos termos estatutários”. E nomeou interinamente o segundo comandante da corporação.
Lembrando que a direção da associação não tem competência para nomear ou destituir o comandante dos bombeiros, José Fernandes antecipou desde logo que o socorro à população ficaria “comprometido”, já que “a maioria” dos voluntários entregou os capacetes, após uma reunião com o presidente da câmara, para exigir a demissão do presidente da direção, Mariano Velez Maluco.
“O senhor presidente não se demitiu e o corpo de bombeiros, a maioria do voluntariado, entregou os capacetes e passou para o quadro de reserva”, ou seja, não efetua serviço operacional, disse José Fernandes, revelando a principal razão de queixa de prende com o “desrespeito pelo corpo [de bombeiros], prepotência e por querer interferir sempre na parte operacional”.
“A direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sousel, repudiando a conduta irresponsável destes bombeiros, já que coloca em causa o apoio à população de todo o concelho, informa que tudo tem feito a continuará a fazer para que o corpo ativo continue a proteger as pessoas e a prestar o socorro a quem dele necessita”, refere um comunicado emitido pela associação.
Através de uma publicação no Facebook, a associação classificou de “graves e inaceitáveis” as atitudes do comandante, considerando que “foi para além das suas competências e criou processos ilícitos, causadores de danos patrimoniais e de imagem” para a associação.
“A Direção da AHBVS, tem o conhecimento de alguns Bombeiros se recusaram a prestar o socorro (potencialmente estarão mal informados e mal aconselhados), atitudes que além de afronta são uma total falta de respeito para com os bombeiros que continuam no cumprimento da sua missão”, acrescenta o comunicado, acrescentando que “para além das consequências judiciais”, também a Direção Nacional de Bombeiros “procederá através dos Serviços de Inspeção às competentes investigações dos factos já denunciados ao Ministério Público”.