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Concelho de Beja, o “novo mundo” dos vinhos alentejanos

Manuel Baiôa texto | Jill Wellington foto

O Alentejo é a região líder no mercado nacional na categoria de vinhos engarrafados de qualidade com Denominação de Origem (DOC Alentejo) ou Indicação Geográfica (Regional Alentejano), tendo uma quota de mercado de cerca de 40%. 

Nos últimos 30 anos a área de vinha no Alentejo passou de cerca de 13 mil hectares para quase 23 mil hectares e de cerca de 40 produtores/engarrafadores passou-se para quase 360, tendo a produção de vinho crescido de cerca de 40 milhões de litros para mais de 100 milhões de litros. 

Esta situação foi uma consequência do crescimento da procura do vinho alentejano, o que provocou uma autêntica revolução na região. O êxito continuado dos vinhos alentejanos desde o final da década de oitenta levou a que inúmeros agricultores e investidores, alguns externos e outros da própria região, quisessem investir num negócio muito rentável. 

Nesta história de crescimento para o “estrelato” merecem destaque, para além dos produtores e das cooperativas alentejanas, a Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo (ATEVA), criada em 1983, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVR Alentejana), criada em 1989 e as instituições de ensino superior do Alentejo. Deve-se ainda sublinhar que em 1988 foram regulamentadas as primeiras denominações de origem alentejanas. 

Estas instituições revelaram-se mais dinâmicas, modernas e profissionais que as suas congéneres de outras regiões, apostando claramente na inovação, na tecnologia e na ciência, tornando possível que o vinho alentejano fosse um caso de sucesso. A partir do final dos anos 80 a maioria dos produtores de vinho comprou cubas de inox com sistemas de frio, entre outros equipamentos modernos e contratou técnicos especializados que tinham saído há pouco tempo das universidades e politécnicos, tornando-se alguns deles enólogos famosos passados alguns anos. 

O vinho alentejano tornou-se uma marca de qualidade porque foi a primeira região a eliminar os vinhos com defeito e passou a proporcionar ao consumidor vinhos jovens, frutados, com aromas e sabores que nunca tinham experimentado. Os amantes do vinho passaram a ter plena confiança no vinho  alentejano, pois sabiam que não iam ficar dececionados. 

Os produtores de vinho alentejano conseguiram colocar no mercado um vinho moderno, pronto a beber, cheio de fruta, quente e alcoólico, qualidades muito apreciadas nesses anos. A região passou a ser conhecida como o “novo mundo” de Portugal, devido às semelhanças às novas regiões vinícolas da América, África e Oceânia, no que respeita à abertura a novas castas e a processos enológicos inovadores.

Durante estas três décadas os produtores alentejanos souberam adaptar-se aos novos tempos e aos novos gostos dos enófilos, e por isso, experimentaram diversos caminhos para o sucesso, mas sem perder a identidade desta vasta região. Neste momento os vinhos alcoólicos, potentes e demasiado frutados começaram a perder seguidores e o Alentejo já começou a adaptar-se a esta nova tendência que procura vinhos genuínos, elegantes e sóbrios, com frescura e mineralidade. 

O concelho de Beja também se integrou nesta expansão da mancha vitivinícola alentejana no início do século XXI, altura em que surgiram os primeiros vinhos engarrafados de Beja da era moderna, fruto da aposta de diversas casas agrícolas na plantação de vinhas, na vinificação e na comercialização de novas marcas. Algumas destas empresas foram fruto de investimentos estrangeiros ou oriundos de outras zonas do país. 

Contudo, algumas casas agrícolas tradicionais do concelho de Beja já tinham nessa altura instaladas vinhas com dezenas de anos. O seu negócio centrava-se até aí na venda de uvas para outras empresas, mas nesse momento transformaram-se em produtores engarrafadores. O concelho de Beja passou a dispor de um conjunto de adegas modernas com tecnologias de última geração e de enoturismos de grande qualidade. 

As novas vinhas do Alentejo, e as do concelho de Beja em particular, começaram a instalar-se em locais onde nem sempre tinham existido. As novas vinhas foram plantadas com alinhamento e condução modernas, com rega gota a gota, com talhões diferenciados para cada casta e sem consociação com outras culturas. Reduziu-se o número de variedades plantadas, pois selecionaram-se as castas e os clones que naquele momento parecia darem melhores garantias de sucesso: boa produção, aromas e sabores intensos.

Os vinhos do concelho de Beja surpreenderam os consumidores num primeiro momento e afirmaram-se ao mostrarem uma grande pureza da fruta, com aromas e sabores exuberantes, utilizando para isso uma combinação de castas regionais e internacionais.

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