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“Colocamos os valores acima da competitividade”

Ana Rita Barradas é apaixonada pelo filho e por Vila Viçosa. Foi por aqui que começou o seu envolvimento com o Calipolense. Primeiro enquanto mãe de um atleta, até vir a ser eleita, há quatro anos, presidente deste Clube Desportivo de Vila Viçosa. 

Margarida Maneta texto | Gonçalo Figueiredo foto

A jogar na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Évora, o Calipolense começou a época “lançado”, goleando o Tourega por três bolas a uma ou, jornadas mais tarde, o Valenças num expressivo 7/0. Agora, ocupando o quarto lugar, soma 57 pontos, a sete do líder, o Arcoense. No passado fim de semana, num dérbie local, o Calipolense derrotou o Bencatelense (segundo na tabela classificativa) por 1/0, num jogo que baralhou ainda mais as contas nos primeiros lugares do campeonato.

Como é que chegou até aqui?

Foi algo de que não estava à espera. O meu filho veio jogar para o clube e eu sempre gostei de me envolver em associações, sempre estive ligada ao associativismo. Comecei a dar uma pequena ajuda, como mãe, até que a direção mudou e eu, na altura, fui convidada para integrá-la, como vogal. Essa direção não correu muito bem, foi abaixo e criou-se uma direção provisória até haver eleições. Numa reunião que tivemos entre todos os que pertencíamos a essa direção temporária apontaram o meu nome para presidente. Foi uma grande surpresa, mas acabei por aceitar o desafio. Sou presidente há quatro anos e vamos ter eleições ainda este ano. 

Que balanço é que faz das prestações do Calipolense esta época?

Acho que estivemos bem. Acima de tudo, e faz parte também da minha formação profissional, uma vez que sou educadora de infância, apostámos na formação cívica, de valores, procurando transmitir aos atletas o que devem ser uns para os outros. Colocamos isso acima da competitividade. Claro que gostamos de ganhar, mas a derrota também faz parte do jogo e nós damos apoio quando os atletas ficam desiludidos ou tristes para que aprendam que isso faz parte da vida também.

Então os vossos objetivos vão além dos futebolísticos?

Sim, até lhes posso chamar objetivos pedagógicos porque apostamos na formação dos nossos atletas. Quando são mais velhos, chega-se a outro nível de competitividade, claro, mas importa que saibam que um sozinho não faz uma equipa. Têm que jogar em conjunto, socializar e ajudar-se mutuamente… até na direção, somos uma direção de amigos. Não nos apoiamos só em situações decorrentes do Calipolense, mas também na nossa vida pessoal. Não tomo decisões sozinha e acho que nem o devo fazer. E transmito isso aos treinadores e jogadores. 

E nos mais velhos? Aí a competição já é vista de forma diferente…

Sim, aliás, a partir dos iniciados a competição já é um marco mais abrangente. Nos seniores, este ano, até estávamos um bocadinho ‘lançados’… ainda estamos com uma réstia de esperança, mas é difícil virmos a ficar em primeiro lugar. O grande objetivo desta época foi retomar a nossa vida normal, pelo menos tentar fazê-lo. 

Como é que vê a situação futebolística aqui na região?

Todos os apoios são bem-vindos. Conheço alguns clubes que vivem com algumas dificuldades, como nós. Isto parte do voluntariado e do vestirmos a camisola. Há dias em que estamos cansados de “puxar o barco”, mas vem um e diz para irmos em frente, e lá vamos andando.

São dos poucos clubes com equipa feminina aqui na zona…

Não foi criada há muito tempo, e já nem conto com o tempo de pandemia, mas depressa se tornaram em duas equipas. Temos as sub-15 e as sub-19. Inclusivamente, já aconteceu algumas das raparigas irem jogar nas equipas dos rapazes para dar uma ajuda.

Para si, enquanto presidente mulher, tem tido desafios?

Eles são muito bonzinhos … (risos). Isto nem tem a ver com ser do sexo masculino ou feminino porque quando há respeito, vontade e entendimento, chegamos onde temos de chegar. Tenho tido desafios bons. O eu ser a presidente foi o meu grande desafio. Claro que foi novidade ser uma mulher, sou a primeira presidente do Calipolense.

Pensa em recandidatar-se?

Ainda não sei. Temos desafios todos os dias, várias coisas para fazer e pensar todos os dias e não somos muitos na direção. A minha recandidatura vai depender da pessoa que eu acho que está pronta para ser presidente aceitar ou não. Se não houver mais ninguém, se calhar recandidato-me. É uma hipótese em cima da mesa. Ainda não consigo dar uma resposta concreta, mas se o clube precisar de mim, então com certeza que cá estarei.

Que legado é que deixa no clube e o que é que deseja a esta casa no futuro?

O legado que tentei deixar, e falo de uma equipa de pessoas, mas muito impulsionado pela minha profissão, foi a transmissão de valores e a preparação das crianças para a vida. Nem todos podem ser como o Cristiano Ronaldo e importa que, pelo menos, aprendam a ser bons cidadãos e grandes homens e mulheres. Espero que no futuro, o Calipolense cresça cada vez mais e que, pelo menos, uma das suas equipas seja campeã… uma ou várias (risos). O ganhar sabe-nos bem.

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