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Clima: Ondas de calor serão mais intensas e frequentes

Alexandre Barahona, texto 

Em todo o mundo, todos os anos, morrem mais de 300 mil pessoas devido ao calor. Estudos científicos apontam para a subida da temperatura média do planeta, em consequência das alterações climáticas. “Nunca houve temperaturas tão altas e sguidas no Alentejo interior”, diz investigador da Universidade de Évora.

O suor é o sistema de arrefecimento dos nossos corpos, composto a 99% de água e sais minerais. Em dias de muito calor, suamos todos, uns mais que outros, no entanto todos temos esse mecanismo biológico de autodefesa. Também por isso, é essencial repor os líquidos, através da ingestão de água.

Na realidade o calor, que nós alentejanos nos orgulhamos de dizer que aguentamos bem, intensifica o abrupto aumento de acidentes cardiovasculares, paragens cardíacas, e problemas respiratórios graves. 

Ora quando os estudos científicos apontam para subidas da temperatura média no planeta, de três graus centígrados, daqui até 2100, todos nós, habituados às amplitudes térmicas do Alentejo, relativizamos. Não nos parece alarmante. Contudo não são os picos de calor os mais prejudiciais, mas sim o contínuo gradual aquecimento, que vai alterar (e altera já) tudo em nosso redor. As plantas, os fogos, os animais, os insetos e não apenas as abelhas, principais responsáveis pela polinização de frutos, e flora. 

Justamente este verão de 2023 regista a onda de calor mais longa de sempre. “A onda de calor registada no interior do Alentejo em 2023, é a mais longa na região” confirma Rui Salgado, investigador do Instituto de Ciências da Terra (ICT), acrescentando que “nunca houve temperaturas tão altas e seguidas no Alentejo interior, consecutivamente com dias acima dos 40 graus centígrados intercalando com noites acima dos 20 graus”.  O que está em causa não são os máximos históricos, mas a contínua permanência das temperaturas extremas. 

E desenganem-se quando pensamos que apenas os mais idosos, sofrem riscos graves com estas ondas de calor. Um estudo de 2022 apontou que para riscos mais graves nos adultos entre os 30 e 44 anos, sobretudo por pertencerem ao grupo ativo da sociedade, com empregos onde devem manter níveis altos de produtividade, associados às responsabilidades sociais e parentais que normalmente têm.

Também as crianças que muitas vezes esquecem a necessidade de repor líquidos, sobretudo bebendo água, e em especial as mais jovens, com idades inferiores aos cinco anos, cujas capacidades cognitivas de autoproteção ainda são reduzidas e não sabem expressar de forma correta os pedidos auxílio, nomeadamente quando sentem sede. 

Todos sabemos que os nossos corpos se devem manter a uma temperatura de 37 graus centígrados, para nos mantermos de boa saúde. Aquilo que desconhecemos é que quando nos expomos a essas temperaturas, os efeitos no nosso organismo não se esbatem ao fim de 24 horas, mas perduram durante cerca de uma dezena de dias. Com o prolongar dessa exposição, os agravamentos “cegos” na saúde pública, são reais e podem ser devastadores.

Ora aquilo que parece pouco, quando se diz que a temperatura média subirá três graus, dentro de 50 a 70 anos, deveria ser suficiente para nos assustarmos, porque essas médias pressupõem que em termos de picos, teremos dias acima dos 50 graus centígrados, em 2100.

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