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Classificação do vinho de talha em consulta pública

Francisco Alvarenga (texto) e Arquivo Municipal de Vidigueira (fotografia)

Está aberto o processo de consulta pública sobre o projeto de decisão de inscrição da produção de vinho de talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. O período de consulta pública prolonga-se até ao próximo dia 10 de novembro, devendo a decisão final ser conhecida em meados do próximo ano.

A proposta de inscrição da produção do vinho de talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), dinamizada pelo Município de Vidigueira com o apoio técnico da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), foi elaborada no âmbito de um protocolo celebrado entre um conjunto alargado de municípios e abrange todo o Alentejo.

Em comunicado, a DRCA lembra que a tradição de produzir vinho em talhas de barro “é uma prática antiga que foi introduzida na Península Ibérica território através dos romanos”.

Esta técnica continuou a ser utilizada no Alentejo e conforme referido por Ferreira Lapa, conceituado agrónomo do séc. XIX, que percorreu o território em 1866 visitando os principais centros vinícolas: “É adoptado (…) em todo o Alentejo, o uso das talhas de barro, não só para as operações de vinagem, senão também para guarda e conserva dos vinhos depois de feitos”.

Quase um século mais tarde, Orlando Ribeiro, em 1961, escrevia que “em relação aos utensílios de cerâmica (…) a originalidade do Alentejo consiste em ter conservado, de uma herança mediterrânica, o vasilhame para líquidos, principalmente para vinho (…) As vasilhas chamam-se talhas ou potes”.

Apesar de ter diminuído no século XX, a técnica de produção do vinho de talha voltou a ser progressivamente retomada, “facto ao qual não é alheia a preparação da inscrição do fabrico deste vinho no INPCI”, sublinha a DRCA.

O dossiêr de candidatura lembra que os vinhos de talha “têm resistido” à ameaça de extinção. “O despertar para retomar as técnicas tradicionais na confeção de alimentos e bebidas veio permitir a redescoberta do vinho de talha como um produto natural, diferenciador, representativo de um saber-fazer antigo e de uma tradição que perdura na região pelo menos desde a época romana”.

O documento, consultado pela SW Portugal, sublinha que esta forma de vinificação e as práticas comunitárias que lhe estão associadas começaram nos últimos anos “a ganhar maior expressão”, sendo que “o vinho de talha, vinho do pote, vinho do tareco (pequeno pote) é a designação dada ao vinho que resulta dos mostos fermentados e cozidos em vasilhas de barro”, num ciclo produtivo que tem início em meados de agosto, com as vindimas, e que termina no final de novembro, quando as massas vínicas se depositam no fundo das talhas. 

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