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Centrar competências nas CCDR “não é regionalizar em pleno”

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

Em entrevista à SW Portugal, o presidente da Câmara de Montemor-o-Novo, Olímpio Galvão, acredita que a regionalização “se venha a concretizar nos próximos anos”. E diz que a centralização de competências nas CCDR não corresponde a uma regionalização em pleno.

De que forma se posiciona face à regionalização do país?

Existe uma transferência de competências para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, que é o princípio de uma regionalização, mas que não o é em pleno. Nós assistimos durante décadas a uma aposta muito forte no litoral. O Alentejo corresponde a um terço do território do país, embora apenas com 400 mil habitantes, mas se o promovermos será com certeza uma melhor região e conseguirá fixar cada vez mais os seus jovens e conseguirá atrair jovens de outras paragens. Temos um grande investimento em Évora, que é o Hospital Central do Alentejo, que os 400 mil alentejanos poderão ser poucos para dinamizar. Teremos que apostar também no turismo de saúde, teremos que conseguir trazer europeus para a região. Há muitos fatores de atração do Alentejo. O turismo do Alentejo tem crescido como nunca outras zonas cresceram. Mas precisamos de mais capacidade, de mais independência, porque sabemos que gerir os fundos em termos locais é sempre melhor do que gerir a partir dos gabinetes de Lisboa. Espero que a regionalização se venha a concretizar nos próximos anos.

Atrair população é prioritário?

Não podemos desistir e temos de fazer com que os jovens venham para próximo das suas famílias, dos seus pais, dos seus avós, porque aqui terão muito melhor qualidade de vida. Acreditamos que serão melhores cidadãos do mundo vivendo no Alentejo e trabalhando para o mundo inteiro, porque hoje em dia o trabalho à distância tornou-se comum e há muitos casos desses, de pessoas que trabalham aqui para o mundo inteiro.

A autarquia também dá apoio à formação dos jovens.

Nós até gostávamos que eles depois criassem a sua carreira, que a desenvolvessem e que depois viessem com essa mais-valia, que viessem a instalar-se aqui no concelho e a promover a criação de novas empresas. E teremos que apostar também mais nisso. Temos uma startup com uma boa dinâmica, mas teremos que criar também incubadoras de empresas – quer nas freguesias rurais, quer no centro da cidade – para trazermos para aqui pequenos negócios e trazermos os nossos jovens, incentivando a criação de emprego com inovação, com empreendedorismo. 

O próprio presidente trabalhou alguns anos fora do concelho…

… trabalhei quatro anos em Lisboa, ainda no século passado, e apenas passei quatro fins de semana em Lisboa e não descansei enquanto não voltei para o Montemor-o-Novo para trabalhar, porque senti esse chamamento, o chamamento da Torre do Castelo e o chamamento da família e consegui, também com esforço e dedicação, devoção e alguma glória, voltar para a minha terra. 

Qual a posição do município de Montemor-o-Novo face à transferência de competências?

A educação foi transferida em abril do ano passado, na saúde assinámos a transferência de competências em dezembro. E em janeiro assinámos a transferência de competências da ação social. Existem comissões de acompanhamento para análise de três em três meses das verbas que nos forem transferidas pelo Estado e das que foram despendidas por nós. Do acompanhamento que temos feito, as verbas são muito ‘à pele’, são muito curtas. Agora, o que nós não contabilizamos é, por exemplo, o tempo investido por trabalhadores nossos em determinadas tarefas na escola ou nos centros de saúde. São horas despendidas pelos nossos trabalhadores. Agora, nós, neste executivo, acreditamos que servimos muito melhor a população desta forma, aceitando a transferência de competências, porque deixámos de ter meses para substituir uma lâmpada no centro de saúde para passarmos a ter um dia ou dois.

Ou seja, defende a descentralização de mais competências?

Se não apostarmos na Saúde e na Educação, vamos apostar no quê? Estas são áreas importantíssimas. Por isso, este Executivo defende a descentralização de competências, para que a população seja muito melhor servida. Nós defendemos esta aproximação e estamos disponíveis para ver o que aí vem e para colaborarmos. A nossa postura não é de luta, é de colaboração. Eu acredito que referendo à regionalização. Esta é mais uma oportunidade perdida. Acredito que se o PSD tivesse mantido o seu líder [Rui Rio] teria existido acordo e que teríamos caminhado no sentido da regionalização, que é o sistema que melhor defende as regiões, que melhor defenderá o Alentejo.

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