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Capoulas Santos contra “desvalorização” da Agricultura

São críticas “duras” do ex-ministro da Agricultura à gestora da pasta no Governo de António Costa. O dirigente socialista Capoulas Santos critica o que diz ser a “desvalorização” do Ministério da Agricultura e a “falta de perceção” da atual equipa governativa.

O ex-ministro da Agricultura, Capoulas Santos, critica o que classifica como “clara desvalorização do Ministério da Agricultura”. Em entrevista ao jornal em linha “Eco”, Capoulas Santos explica em que consiste essa “desvalorização” do Ministério tutelado por Maria do Céu Antunes: “Foi-lhe retirado o setor das florestas, alguns setores da área da veterinária [e] foram extintas as direções regionais da Agricultura”. Curiosamente, refere, as direções regionais de agricultura “foram as primeiras direções gerais a serem instaladas fora de Lisboa, no primeiro Governo do Dr. Mário Soares, em 1976”. Também por isso, defende, esta decisão “deveria ser revista” pelo próximo Governo. 

“Parece-me um pouco paradoxal, em nome da descentralização, reduzir os quadros das regiões quando na macrocefalia continuam intactos. Era uma questão que deveria ser revista nos termos que forem considerados adequados, porque sempre fui a favor da regionalização, e continuo a ser”, disse Capoulas Santos, criticando a “desvalorização” dos agricultores, “mal tratados na comunicação social” e condicionados por uma “tutela europeia fraca ou inexistente, com uma desvalorização no seio dos governos e dos ministérios”. Aliás, acrescenta, “não é por acaso” que em Portugal o Ministério da Agricultura “é o último da hierarquia do Governo”.

As críticas de Capoulas Santos não se ficam por aqui. Lembra que o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) fez uma comunicação escrita aos agricultores, dando-lhes conta de um corte de 35% nas candidaturas à Política Agrícola Comum para agricultura biológica e produção integrada. “Uns dias depois o Governo veio anunciar a anulação desse corte e a reposição dos cerca de 60 a 70 milhões de euros que passarão a constituir uma ajuda do Estado e, portanto, terá de ir solicitá-la a Bruxelas. Causa-me alguma estranheza como é que, havendo esse défice, não se tivesse tido a perceção que ele existia e pedido a autorização antecipadamente”.

Capoulas Santos diz ter-se tratado de um “incidente infeliz”. E lamenta a existência de um “caldo de cultura que se foi avolumando ao longo destes anos”, no qual “os agricultores têm vindo a ser muito desvalorizados pela sociedade e pelos poderes políticos”.

Segundo o ex-ministro, os agricultores, hoje em dia, são vistos pela sociedade “quase como criminosos, inimigos do ambiente, que contaminam, que usam água demais”, existindo “uma crítica muito forte e um discurso pseudo-ambientalista, que nos empurra quase para o paleolítico, para recolha, para deixar a natureza completamente intacta”.

Ainda de acordo com Capoulas Santos, a última reforma da Política Agrícola Comum “introduziu um conjunto de exigências sobre os agricultores, de natureza ambiental, que são naturalmente justificáveis — a agricultura tem de ser cada vez mais compatibilizável e com a sustentabilidade e com as boas práticas ambientais — mas, têm de ser encontradas soluções gradativas”.

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