Foram precisos seis meses para a Câmara de Évora aprovar o orçamento para 2022. As autárquicas realizaram-se em final de setembro do ano passado. Mas só ontem, em reunião extraordinária, é que a autarquia aprovou o orçamento, que terá ainda de ser votado na Assembleia Municipal de Évora.

“É o espelho da complexidade que se tornou a gestão da Câmara, onde o partido mais votado tem apenas dois vereadores em sete”, considera fonte municipal. O orçamento e as Grandes Opções do Plano foram aprovados com três votos a favor – aos dois eleitos da CDU juntou-se a vereadora do Movimento Cuidar de Évora – e quatro abstenções, tantas quantos os vereadores do PS e do PSD.

Citado pela Lusa, o presidente da Câmara, Carlos Pinto de Sá, reconhece ter-se tratado de um processo “algo demorado”, mas assegura que ao longo destes meses de negociação foi possível “encontrar opções de plano e orçamento que são de todas as forças políticas”, pelo que os documentos incluem contributos de todos os partidos representados no Executivo autárquico.

Este ano a Câmara prevê gastar 64,4 milhões de euros, um acréscimo de três milhões em relação ao ano passado, explicado não só pela transferência de novas competências para o município, mas também devido às necessidades de cofinanciamento de projetos financiados por fundos comunitários e ao “reforço de apoio” ao movimento associativo e freguesias. Entre as prioridades estão os apoios às famílias carenciadas e a habitação.

Ainda em declarações à Lusa, o vereador socialista José Calixto justificou a abstenção com “um conjunto de reservas fortes” do PS relativamente à gestão autárquica, criticando designadamente a existência de “barreiras burocráticas fortíssimas”, enquanto o vereador social-democrata Henrique Sim Sim lembrou a existência de “condicionamentos externos”, como a pandemia, a guerra na Ucrânia ou a execução do Plano de Recuperação e Resiliência para justificar a abstenção.