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Caça à rola suspensa mais dois anos para preservar a espécie

A caça à rola-brava esteve proibida, na última época venatória, em Portugal, Espanha e França. A medida foi agora alargada até 2024. Segundo Domingos Leitão, diretor executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, a adoção desta medida era “inevitável” pois a população de rola-brava em Portugal e noutros estados estados da União Europeia é “assustadoramente preocupante”. 

A rola-brava é uma espécie protegida no âmbito da Diretiva Aves (Diretiva 2009/147/CE) e considerada ameaçada pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). É uma espécie migradora – todos os anos estas aves atravessam duas vezes o deserto do Saara nas suas viagens entre a Europa e África. Outrora extremamente abundante em Portugal, apresenta no país e na Europa em geral “uma tendência fortemente regressiva” desde há várias décadas.

“A retirada da rola-brava da lista de espécies que se podem caçar para as duas próximas épocas venatórias mostra bom senso e articulação nas estratégias definidas por diferentes Estados Membros e setores. Mas não é suficiente”, acrescenta o diretor executivo da SPA, explicando que “se é verdade que a exploração cinegética exerce pressão sobre as populações de rola-brava, não é certamente a única causa do seu declínio, que está também associado à diminuição e perda de qualidade do habitat, quer de alimentação quer de nidificação”.

Para se alcançar o objetivo de recuperação da espécie, uma coligação de seis associações ambientalistas apelou a que os Ministérios do Ambiente e da Agricultura “desenvolvam uma estratégia articulada para a promoção de uma gestão sustentável do habitat, desenhando medidas concretas e ajustadas e disponibilizando instrumentos, incluindo financeiros, para a sua aplicação no terreno”.

“É fundamental que as medidas de gestão a adotar não se limitem a ações pontuais no tempo e no espaço, como a disponibilização artificial de alimento, mas incluam também substanciais melhorias da qualidade dos habitats. Só assim conseguiremos uma recuperação robusta e duradora da espécie e dos ecossistemas a que pertence”, refere Jorge Palmeirim, presidente da Liga para a Protecção da Natureza.

Recordando que Portugal está atualmente a definir as medidas agroambientais do próximo Plano de Desenvolvimento Rural (PDR), Jorge Palmeirim considera que é “a altura ideal para incluir medidas que apoiem efetivamente os agricultores e proprietários que apostem na diversidade de cultivos e na proteção da vegetação natural das linhas de água, charcas, sebes e bosquetes”. 

Ainda de acordo com Jorge Palmeirim, o PDR terá um orçamento de quatro mil milhões de euros, pelo que “dinheiro não será um problema para a implementação de medidas de proteção do habitat da rola-brava, assim o entendam os decisores”.

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