PUBLICIDADE

BIALE – Bienal de arte contemporânea traz a “utopia” a Estremoz

Ana Luísa Delgado, texto e foto

A cidade de Estremoz acolhe até ao próximo domingo a primeira edição da Bienal Internacional do Alentejo (BIALE), a maior mostra de arte contemporânea da região.

A música, como lembrou Helena Mendes Pereira, da Fundação da Bienal de Cerveira, foi popularizada no pós-25 de Abril por Zeca Afonso. Mas a quadra, essa, é da autoria de uma camponesa, Miraldina, da Cooperativa de Santa Sofia: “Camaradas lá do Norte/ Venham ao Sul passear/ Cá nas nossas cooperativas/ Há sempre mais um lugar”. O que é que isto tem a ver com a realização, em Estremoz, da maior exposição de arte contemporânea do Alentejo? Bom, tem tudo.

“Desta vez”, sublinha Helena Mendes Pereira, foi um dos concelhos mais a norte do país, Vila Nova de Cerveira, encostada à raia, que “veio até ao Alentejo trazer a utopia”. Que é como quem diz, trazer objetos artísticos, da pintura à escultura ou à instalação, que nos remetem e convidam para uma leitura contemporânea da sociedade.

Organização conjunta da Artmoz e da Câmara de Estremoz, a BIALE conta com várias parceiros, entre os quais a Bienal de Cerveira que, desde 1978, num contexto pós-revolucionário em que o país “procurava descentralizar e tirar a arte da exclusividade dos grandes centros urbanos”, organiza um dos eventos de referência das artes plásticas a nível nacional.

De Cerveira para Estremoz, conta a representante da Fundação, vieram 10 das obras mais representativas de uma vasta coleção que reúne trabalhos de alguns dos mais reconhecidos artistas nacionais e internacionais do pós-25 de Abril. Trabalhos de Jaime Isidro ou de Henrique Silva, mas também de Helena Almeida, autora de uma obra multifacetada centrada num território onde o seu próprio corpo é elemento nuclear, Ana Vidigal ou Carlos Barreira, entre outros.

“Quisemos trazer algumas das melhores obras da nossa coleção”, refere Helena Mendes Pereira, dizendo-se apostada em “levar” cada vez mais longe “a bandeira da utopia”, desde logo ajudando a impulsionar o surgimento, pelo país, de “mais casas para a arte contemporânea”.

A estes autores juntam-se muitos outros, num total de 140 representados nesta primeira edição, oriundos de uma dezenas e meia de países, através dos quais a direção artística procura “assegurar a diversidade de modelos e técnicas de expressão artística de arte contemporânea”.

Sendo que a BIALE, ela própria, não deixa igualmente de corresponder à realização de uma utopia idealizada há cerca de 12 anos por Carlos Godinho, fundador da Artmoz. “Encontrámos o momento e o sítio certo para apresentar arte contemporânea a nível nacional e internacional, vemos Estremoz como a cidade das artes. Este nosso trabalho foi pensado assim”, acrescenta Carlos Godinho, convicto de se trata do ponto de partida para “criação de uma marca, no campo artístico, para o Alentejo”.

Para o presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, trata-se de uma “oportunidade única” para promover a cidade como “espaço de referência” para a arte contemporânea no sul do país. “Acreditamos que apostar na cultura é apostar no desenvolvimento do território e das pessoas que o habitam e a BIALE coloca Estremoz no patamar dos grandes eventos nacionais”, conclui.

Partilhar artigo:

FIQUE LIGADO

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

© 2024 SUDOESTE Portugal. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.