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Artigo de opinião de Luís Assis: “Como estamos!”

Luís Assis, advogado | Opinião

O jornal “Expresso” publicou uma sondagem, cujo resultado é o retrato fiel de como nos sentimos ao fim de 50 anos de democracia e não podia ser mais catastrófico, desmoralizador e demolidor. Segundo a sondagem publicada, 91% dos portugueses reclamam dos impostos, 87% estão insatisfeitos com o combate à corrupção, 78% descrentes das políticas de combate à criminalidade, 88% desagradados com a habitação e 90% consideram a riqueza mal distribuída. 

O resultado não podia ser mais demolidor para o Governo e é, também, um grito de alerta para os partidos políticos, pois este sentimento é a faísca para o despoletar de populismos que se aproveitam deste sentimento geral. 

Os números não deixam margem para qualquer dúvida sobre a maioria que se sente desiludida, desamparada, descrente, desmotivada, irritada com a situação a que chegámos, por não ver uma luz ao fundo do túnel. 

Embora surjam estes números esmagadores e o facto de, também, a sondagem referir que os portugueses pedem mais participação na política, a realidade é que os níveis de abstenção têm subido vertiginosamente, o que aparentemente parece ser uma contradição. 

Os partidos têm desvalorizado a abstenção, mas creio que esta resulta da resposta desta sondagem, pela qual os portugueses dizerem que desconfiam dos partidos políticos, porque é a única explicação lógica para esta aparente contradição entre descontentamento e abstenção. 

Este retrato da sociedade portuguesa deverá ser o ponto de partida de análise para os partidos políticos para corrigirem as suas posturas, as suas propostas e a forma como falam aos portugueses, caso contrário cairemos na armadilha perfeita para os populismos de extrema esquerda e de extrema direita. 

Perante estes resultados há que apresentar propostas sérias e credíveis, que as pessoas percebam e tenham perfeita noção da sua bondade, razoabilidade e bom senso, caso contrário o divórcio entre política e a sociedade manter-se-á, com consequências desastrosas. 

Os portugueses também terão que perceber que a abstenção não é a via certa para a resolução do que quer que seja, pois desvirtua os resultados eleitorais e acaba por ter efeitos perversos e, muitas vezes, contrários aos desejos de quem se abstém. 

Não votar é a pior das soluções que se pode escolher, porque a abstenção elege lugares na Assembleia da República e não resolve coisa nenhuma. Estamos mal!

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