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Alexandra Ribeiro Janeiro (opinião): “Envelhecimento ativo”

Alexandra Ribeiro Janeiro, gerontóloga | Opinião

Todos nós já nos questionámos para onde vou, quem sou e para onde quero ir. São questões que se prendem com o nosso dia-a-dia, quer em termos profissionais quer pessoais. Enquanto animadora e gerontóloga importa explanar tal discussão, lado a lado com o conceito e processos de envelhecimento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o “envelhecimento saudável” é o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional, contribuindo para o bem-estar das pessoas idosas. Envelhecer é natural, embora se lhe dê maior significado numa fase avançada da vida: nascemos, crescemos e em todo o decorrer deste tempo o processo de envelhecimento está inerente. 

Contudo, parece um desafio maior quando ocorre a perda de um papel social relacionado com a reforma ou quando uma incapacidade física ou psíquica nos empurra para uma reforma antecipada. De um dia para o outro deixa de existir uma ocupação e perdem-se as redes de apoio associadas ao papel social que desempenhamos até então. Ter mais tempo após a reforma não se deverá traduzir em “esperar que o tempo passe”, mantendo-se, por exemplo, frente a um televisor, passivamente, perdendo as faculdades motoras e cognitivas. 

O aumento da esperança de vida, ligada aos avanços dos cuidados de saúde, traduzem-se num tema da atualidade de extrema importância. Envelhecimento associa-se a viver mais; mas será que vivemos melhor? Será que morrer com uma idade mais avançada se traduz numa melhor qualidade de vida? 

O contexto socioeconómico é um desafio cada vez mais premente. Reduzir custos, maximizar potencialidades ou minimizar problemas são conceitos cada vez mais atuais e para os quais é importante arranjar soluções. Portalegre é uma pequena cidade do interior, desertificada, e onde, naturalmente, o envelhecimento é bastante significativo. 

Surge então o conceito de “envelhecimento ativo” que se traduz em viver com qualidade, ter autonomia física e psicológica, continuar a tomar decisões e saber, acima de tudo, lidar com os desafios desse próprio envelhecimento. Fará sentido envelhecer longe das nossas coisas ou de quem nos faz feliz? Qual o impacto de trabalhar com estas pessoas? 

Para o envelhecimento ativo, para isso é fundamental trabalhar a comunidade de forma mais consistente e em várias vertentes. Há que conhecer bem a sociedade, respeitar a individualidade e acima de tudo saber ouvir e dar voz a quem se destina estas atividades.

A Animação Sociocultural e Gerontologia andam lado a lado neste processo, visando o desenvolvimento cultural e a promoção do património, facilitando a sua expressão, proporcionando e favorecendo a sua própria tomada da palavra, potenciando a autonomia a diversos níveis. Estas vertentes assumem, assim, um contributo para uma participação social útil e saudável no processo de aprendizagem ao longo da vida. As atividades intergeracionais são também fundamentais, já que ajudam a criar uma estreita relação entre as crianças/jovens e os idosos, proporcionando a partilha de saberes entre estas duas gerações, valorizando o conhecimento dos mais velhos e baixando barreiras contra o “idadismo.

O que espelho nestes conceitos são os exemplos de boas práticas trabalhados nestes últimos três anos, na Cooperativa Operária Portalegre, no projeto “Entre Tempos”, no âmbito do envelhecimento ativo na comunidade, que convido desde já visitar!

Repensar o envelhecimento implica, também, refletir todo um conjunto de políticas públicas, para que a mudança aconteça através da visão compartilhada.

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