Margarida Maneta texto | Gonçalo Figueiredo foto

O Sporting Clube Arcoense sagrou-se campeão da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Évora. O Arcoense encerrou a prova com 67 pontos, mais sete do que Aguiar, Calipolense e Bencatelense. Os três primeiros apuraram-se para a Divisão de Elite. 

Em Arcos, o ambiente era de festa. Havia tochas de fumo verde, alguns jogadores com o cabelo pintado da mesma cor e quase todos com a cara ou os braços riscados de verde e branco. As cores da equipa estavam por toda a parte, numa tarde solarenga em que se ouviu “We Are The Champions” dos Queen. 

“Quem chega no fim em primeiro tem a recompensa: sagra-se campeão”. A constatação é feita por Carlos Sapateiro, presidente do Arcoense, relembrando que, até aqui, o clube já tinha conquistado o troféu por duas vezes. A primeira aquando da sua fundação oficial, em 1983, e depois, mais tarde, em 2008. 

Acresce que o o Arcoense terminou a prova com 106 golos marcados, sendo o ataque mais concretizador. Agora, é o momento de “descarregar a adrenalina que gera um misto de emoções”, afirma o treinador, Hugo Painho, confessando andar entre as lágrimas e os sorrisos nestes últimos dias. 

“Estamos muito felizes”, adiantou André Pucarinhas, capitão de equipa há seis anos. “Os meus colegas trabalharam muito durante a época para que isso fosse possível”, reconhece o capitão a quem, por ter partido uma perna no primeiro jogo, “acabar campeão tem um sabor ainda mais especial”.

“Foi uma época difícil, mas fomos sérios connosco e assumimos que queríamos sair vencedores”, declara Hugo Painho, segundo o qual a época foi “muito bem preparada”, consolidando um trabalho que já vem “de alguns anos”. 

O primeiro passo foi acreditar. “Sabíamos que tínhamos qualidade para triunfar”, acrescenta o treinador: “Algo me dizia que este era o nosso ano. Estas gentes, esta direção, este clube e estes atletas e colegas de equipa técnica mereciam este título”. 

É esta união que caracteriza o Arcoense. Se pelo campo todos se abraçam, na plateia os aplausos são constantes. A vitória não é só dos jogadores e da equipa técnica. É também das famílias e demais apoiantes que viveram os jogos, fora de campo, com intensidade semelhante às de quem os disputa dentro das quatro linhas.

“Isto não acontece por acaso. Temos excelentes clubes e este é o exemplo disso mesmo. É um clube muito bairrista com uma cultura tremenda de união entre a freguesia, os atletas e a direção”, declara o presidente da Câmara Municipal de Estremoz, José Daniel Sádio, também presente nas celebrações. “Mesmo não sendo apontado inicialmente como favorito, o Arcoense mostrou ser a melhor equipa. Essa união é a mística que está por detrás deste sucesso”. 

Encerrada a competição segue-se a preparação da próxima temporada. A Divisão Elite há muito que era ansiada por estes lados. “Sabemos das dificuldades, mas com trabalho, dedicação e o empenho de todos, desde os atletas à direção, iremos atingir os objetivos que passam, obviamente, pela manutenção na divisão de cima”, garante Carlos Sapateiro. E acrescenta: “Em vez de andarmos num sobe e desce, queremos que esta equipa represente a zona dos mármores da melhor forma e com distinção porque não está lá nenhuma outra equipa. Queremos permanecer e estar anos e anos naquela divisão”.

Ainda assim, o técnico reconhece trata-se de uma divisão “muito complicada”, até porque algumas equipas já são semiprofissionais. “São equipas que têm jogadores estrangeiros que só o que fazem é jogar à bola, enquanto os meus o que fazem é acordar cedo para trabalhar e temos de vir ao final do dia treinar”, esclarece Hugo Painho.

“Os nossos jogadores têm qualidade para disputar qualquer jogo, mas o treino e a competição conta muito”, reconhece o treinador que promete não baixar os braços: “Não temos as mesmas armas, mas vamos lutar para fazer um bom trabalho”. 

Diz-se que em equipa que ganha não se mexe. E o presidente do clube não podia estar mais de acordo: “Queremos manter todo o plantel e arranjar uma ou outra solução para reforçar a equipa”.