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Apoio a doentes psiquiátricos combate “estigmatização”

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo foto

Fundação Romão de Sousa lança projeto de apoio a doentes com problemas psiquiátricos nos concelhos de Estremoz e de Monforte. Atendimento pode ser feito em casa de cada utente e envolve familiares e amigos, para acabar com a “estigmatização” da doença mental.

Atender gratuitamente o doente com uma crise psicótica, nas primeira 24 horas, com o apoio da sua rede de suporte familiar, e onde o mesmo se sentir mais confortável, sem ter que se deslocar ao hospital, ao centro de saúde ou mesmo à Comunidade Terapêutica Casa de Alba, são os objetivos principais do Projeto Diálogos – Saúde Mental de Proximidade (PDSMP) da Fundação Romão de Sousa, que está a ser implementado nos concelhos de Estremoz e Monforte. 

“O nosso objetivo é atendermos cerca de 50 indivíduos que estejam em situação de perturbação mental, mais a sua rede de suporte. Três familiares, amigos ou colegas por cada pessoa, onde precisar, não tendo que ir ao hospital, nem ao centro de saúde ou à nossa comunidade terapêutica… em suma onde se sentirem mais confortáveis, nomeadamente em casa se for necessário”, diz João Pereira, coordenador do projeto. “Esta mobilidade evita idas desnecessárias ao hospital ou ao centro de saúde, bem como alguma estigmatização relativamente ao doente, por consultar profissionais destas áreas”.

Segundo o coordenador, o projeto funciona entre as 8h30 e as 17h30, de segunda a sexta-feira. “Fora desse horário temos mensagens automáticas a encaminhar as pessoas para os serviços de urgência e para o serviço SNS 24”. Para implementar este projeto, a Fundação teve que contratar e dar formação a vários profissionais, numa iniciativa cofinanciada pelo Portugal Inovação Social e pelas Câmaras de Estremoz e de Monforte. “Se este projeto não existisse as pessoas tinham que se dirigir à Comunidade Terapêutica Casa de Alba e pagar o tratamento”.

João Pereira acrescenta que Diálogos – Saúde Mental de Proximidade assenta em vários princípios organizacionais. “O atendimento da pessoa em crise é rápido, feito em 24 horas; funciona com um sistema de rede social, ou seja, toda a rede de apoio familiares, amigos que estão envolvidos, desde o primeiro momento que é feito o contacto, não é focado apenas nas na pessoa. Outro dos princípios basilares assenta no facto da equipa que trabalha com a pessoa em crise, manter-se fixa. É a mesma durante todo o tempo de atendimento, não salta de profissionais para profissionais”. 

Outro dos princípios é o da mobilidade. “Vamos onde o doente precisa… o doente não precisa de ir ao hospital, nem ao centro de saúde, é atendido onde se sentir mais confortável, nomeadamente em casa se for necessário”. 

A ideia deste projeto tem as suas raízes na Finlândia, e no psicólogo finlandês Jaakko Seikkula, que desempenhou um papel de liderança na pesquisa e estudo do chamado “diálogo aberto”. Em 2017, a equipa da Fundação Romão de Sousa viajou até à Finlândia, onde participou em sessões de formação. Seguiu-se um projeto piloto, envolvendo a Direção Geral da Saúde, desenvolvido em sete freguesias do distrito de Portalegre.

Segundo José Romão de Sousa, presidente do conselho de administração da Fundação, o Projeto Diálogos – Saúde Mental de Proximidade representa “um passo importante para nós porque saímos da comunidade terapêutica e abrimos à sociedade, alterando a forma como os serviços saúde mental estão a funcionar. Não há uma receita única. Continua a haver um grande estigma relativamente a este tipo de doenças. Ao envolver a família, as pessoas que lidam com o doente, estamos a ajudar na procura da solução”.

O mesmo responsável explicou que o projeto inicial da Fundação foi a criação de uma comunidade terapêutica, para ajudar pessoas com problemas graves em saúde mental essencialmente psicoses que se chama esquizofrenias. “É uma comunidade terapêutica que funciona de porta aberta. Não é um internamento. As pessoas são livres de sair. Os residentes são ‘coterapeutas’ uns dos outros. Temos uma capacidade 15 residentes. Neste momento está totalmente ocupada e temos colaboradores diversos, como psiquiatras, psicoterapeutas e psicólogos. É quase um para um. Funciona 24 horas por dia, sete dias por semana… não há descanso”.

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