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Alterações climáticas têm “mostrado o pior de cada um”

Luís Godinho, jornalista

“O caminho para a sustentabilidade tem-nos mostrado o pior de cada um de nós”, disse o presidente do Instituto Politécnico de Portalegre (IPPortalegre) na abertura do Fórum Internacional Academia Net Zero, que hoje termina naquela cidade. “Este caminho tem-nos mostrado que a falta de solidariedade e o egoísmo, o egocentrismo, têm exacerbado ainda mais a desigualdade entre ricos e pobres, entre os que esbanjam tudo e os que nada têm”, sublinhou Luís Loures.

De acordo com a entidade organizadora, a Virtual Educa, uma iniciativa de cooperação multilateral no âmbito da educação, inovação, competitividade e desenvolvimento, o Fórum Academia Net Zero constitui-se como uma “plataforma onde especialistas e representantes do governo, da educação, das empresas e da sociedade civil possam debater sobre como as universidades podem ser líderes na luta contra as alterações climáticas e oferecer soluções inovadores para alcançar um futuro sustentável para todos”.

No discurso inaugural do evento, Luís Loures lembrou que “vivemos tempos onde a mudança é constante e coloca a todos, mas sobretudo a esta geração, a difícil missão de ter de decidir entre o que entendemos como conforto, qualidade de vida, a problemática dos padrões de consumo, e o desafio de querer viver dentro dos limites do crescimento que nos começam a ser impostos pelo planeta e em que as alterações climáticas são um processo bastante visível desta realidade”.

Alterações essas que “implicam a adoção de novos modelos de produção, novos padrões de consumo, nos quais o principio do desenvolvimento sustentável, da economia circular desempenha um papel fundamental para a continuidade do planeta”.

O problema, sublinhou, é que “pese embora a escolha entre o futuro que queremos ter nos pareça óbvia, e a ciência e a academia antecipem com elevado grau de rigor e com elevada certeza aquilo que são os impactos de muitas ações imponderadas que o homem tem sobre o ambiente”, na realidade a comunidade internacional “não tem sido capaz” de encontrar uma “resposta adequada” a este que é um dos “maiores desafios” da atualidade,

Este é um problema que reside essencialmente não naquilo que não sabemos, mas no que fingimos não saber. E infelizmente é tanto o que fingimos não saber”, lamentou Luís Loures, elencando uma série de evidências científicas que continuam sem resposta eficaz, como o aumento de 50% das emissões de dióxido de carbono nos últimos 30 anos, a morte anual de “mais de sete milhões de pessoas” devido à poluição do ar, a falta de água que, em 2030, “afetará mais de 60%” da população mundial ou a perda, nos últimos 15 anos, “de 50% de todas as zonas húmidas do planeta”, simultaneamente as mais produtivas e as que garantem uma “mais efetiva” captação de dióxido de carbono.

“Ainda assim, e pese embora o conhecimento exista e o caminho a seguir pareça óbvio, a verdade é que não temos sido capazes, em sociedade, de fazer o suficiente e de dar a resposta adequada a este que é o maior desafio da nossa geração”, acrescentou, lembrando que apesar da generalidade da população “apresentar cada vez mais preocupações” relativamente à sustentabilidade ambiental, “fingimos todos não saber que continuamos a depender demasiado dos combustíveis fósseis e que esta situação acarreta consequências nefastas quer para o nosso futuro, quer para o futuro do planeta”

MUNDO A DUAS VELOCIDADES

O presidente do Politécnico de Portalegre chamou ainda a atenção para o facto de “a metade mais rica do planeta ser responsável por mais de 90% das emissões de gases com efeito de estufa”, sem que daí decorra qualquer assunção de responsabilidades perante a metade mais pobre, a que mais “sofre” as consequências das alterações climáticas.

“Que mundo queremos ter?”, interrogou, antes de criticar que a resposta, “parecendo evidente, nem sempre tem sido verbalizada com a convicção suficiente capaz de nos impulsionar a trabalhar juntos, a ser mais solidários e a contribuir de forma efetiva para reverter esta processo de extinção em massa, coletiva, que de forma cada vez mais visível nos ameaça a todos”.

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