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Ovibeja: Agricultores não convidam ministra. Mas mandam carta

Ana Luísa Delgado texto | Gonçalo Figueiredo fotografia

Não foi convidada para visitar a Ovibeja, que por estes dias decorre em Beja, mas nem assim a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, deixou de receber “novidades” da agricultura no Baixo Alentejo. Isto porque Rui Garrido, o presidente da ACOS, entidade que organiza a feira, e da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), decidiu escrever uma “carta aberta” à ministra sobre as preocupações do setor.

E se, nas manifestações, a ministra costuma ser acusada de “incompetência reiterada”, a carta, dirigida a “Sua Excelência, Ministra da Agricultura e da Alimentação”, defende a adoção de medidas de apoio aos agricultores, entre as quais a antecipação das ajudas de 2023. 

Lembra Rui Garrido que “depois de um inverno com níveis de precipitação que faziam antever um bom ano agrícola, as temperaturas anormalmente altas e a escassez de chuva dos últimos meses, a somar aos danos provocados pela seca de 2022, estão a gerar uma situação de seca ainda mais grave”, que se traduz na “perda total das pastagens, forragens e cereais”, hoje “praticamente irreversível”.

O presidente da FAABA acrescenta que as situações climáticas “favoráveis” no outono levaram os agricultores a aumentar os investimentos, na expectativa de uma “campanha promissora, com as pastagens, forragens e cereais a terem emergências regulares e bom estado vegetativo”. 

“Infelizmente”, sublinha, “o que já estamos a observar no terreno é que estas forragens e cereais ou já estão secos, ou estão a secar, levando a uma produtividade praticamente nula, tanto mais, que as previsões metereológicas para os próximos 15 dias apontam para tempo quente e seco”. Acresce que as reservas de alimentos para a pecuária “são escassas ou quase nulas” e a possibilidade de encontrar palha ou feno no mercado “é extremamente difícil e com preços bastante altos”, o que está a levar alguns agricultores a “reduzir ou mesmo acabar” com os efetivos pecuários. 

“No caso dos olivais de sequeiro era também esperado para 2023, um ano de safra, com boa produção, mas perante este cenário de clima adverso tal não irá certamente acontecer em toda a região do Alentejo”, adianta Rui Garrido, antecipando igualmente “dificuldades maiores” na gestão do montado, “mais um ano sem extração de cortiça”.

Segundo o presidente da FAABA, em 85% do território agricultável no Alentejo, “não haverá nem pastagens, nem forragens, nem cereais, nem azeitona, nem cortiça, pondo em causa a sustentabilidade deste mundo rural interior”. Por outro lado, algumas bacias hidrográficas, como as barragens do Monta da Rocha, Campilhas e Santa Clara, estão com níveis muito baixos de armazenamento, motivo pelo qual a Associação de Beneficiários de Campilhas e Alto Sado se viu também obrigada a “duplicar o preço da água na presente campanha, aos poucos agricultores que podem regar, para tentar evitar a sua falência, uma vez que a água provém exclusivamente do Alqueva”. 

Por isso, os agricultores do Baixo Alentejo existem a tomada de medidas, incluindo o “reconhecimento formal da situação de seca em toda a região”, o que “permitirá acesso aos instrumentos derrogatórios previstos na legislação”, muito particularmente no Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). Entre as medidas propostas inclui-se, entre outras, a atribuição de “apoios directos aos animais e às culturas, como forma de garantir a manutenção da actividade agrícola e evitar uma escalada nos preços dos alimentos ao consumidor” e a manutenção do preço da água no Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva.

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