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A “minha” FIAPE. Uma feira no “coração” do Alentejo

Ana Luísa Delgado texto | Município de Estremoz fotografia

Das memórias quando o evento se realizava no Rossio, à mudança para o Parque de Feiras, das “escapadelas” na adolescência aos concertos imemoráveis, da pecuária à gastronomia, do reencontro de amigos e de familiares na diáspora, eis a FIAPE pelo olhar de quem a vive.

SÓNIA CALDEIRA, vice-presidente da Câmara de Estremoz

Duas edições inesquecíveis separadas por 40 anos

Quando no final da década de 80 decidiu fazer “gazeta” à escola para ir com os amigos passear para a FIAPE, que ainda se realizava no Rossio Marquês de Pombal, Sónia Caldeira ganhou umas horas bem passadas, que ainda hoje recorda, bem como o “valente sermão” que ouviu dos pais quando se aperceberam que havia faltado às aulas. Para a atual vice-presidente da Câmara de Estremoz, essa foi uma edição muito especial da feira, tal como a do ano passado, a primeira que foi organizada pelo executivo autárquico que integra. “E este ano acarreta responsabilidades ainda maiores por recentemente ter assumido o pelouro da organização de eventos”, desabafa.

Segundo Sónia Caldeira, trata-se de um certame que “representa, por um lado, o momento alto do desenvolvimento económico do concelho e, por outro, uma oportunidade de promoção e divulgação do melhor que temos para oferecer a nível turístico, cultural, gastronómico e de produtos endógenos”. Por fim, claro, é também “uma grande oportunidade para juntar amigos e família e desfrutar de bons momentos com aqueles que mais importam na vida de cada um”.

MIGUEL RAIMUNDO, provedor da Misericórdia de Estremoz

Ponto de encontro entre gerações

Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Estremoz, Miguel Raimundo vê na FIAPE o “evento principal do calendário anual do concelho”, uma “marca importante para os agentes económicos” que aqui encontram um palco para mostrar as suas atividades e promover o que produzem. Mas, acrescenta, é também “um ponto de encontro de gerações e da famílias, de convívio entre os estremocenses que aqui vivem e os que se encontram na diáspora”. Por isso, acredita que a feira “tem todas as condições para continuar a crescer”, sem esquecer as origens. 

Tendo “bem presente” as primeiras edições do certame – “funcionava na placa central do Rossio e também junto a algumas dependências do Mercado do Peixe” -, Miguel Raimundo aproveita a oportunidade para recordar o trabalho de Alberto Silva, “um dos grandes fazedores” da FIAPE, cuja primeira edição decorreu entre os dias 1 e 10 de maio de 1987, num executivo autárquico presidido por João Carrapiço, bem como da anterior Feira de Artesanato.

NUNO RATO, vereador do Movimento Independente por Estremoz

Uma “montra do que temos de melhor”

“A experiência que mais me marcou na FIAPE”, diz Nuno Rato, “resulta dos vários amigos que fiz nas várias delegações da cidade espanhola de Zafra que ao longo dos anos nos têm acompanhado na feira, pela geminação que temos”. O atual vereador da Câmara, eleito pelo Movimento Independente por Estremoz (MiETZ), e anterior presidente da Assembleia Municipal, revela que durante essas visitas fez “grandes amizades”, que ainda hoje perduram. Na sua opinião, trata-se de um certame “importante para os agentes económicos”, mas também para a “promoção” do concelho e da região. “É uma mostra do que de melhor produzimos e temos para oferecer a quem nos visita, dando um contributo para o desenvolvimento do concelho”, remate.

JOAQUINA BABAU, funcionária pública

Memória dos Trovante e da Reforma Agrária

Funcionária pública, Joaquina Babau lembra-se bem das primeiras edições da FIAPE. “Tudo era novidade e havia mais artesãos a trabalhar ao vivo”. Artesanato à parte, bem na memória guarda um concerto que para si foi memorável, o dos Trovante, “ali no Rossio”, quando a banda se encontra no auge. Isto sem esquecer uma exposição sobre a Reforma Agrária, ainda nesses primeiros anos, “que mostrava o aumento das colheitas e o que tinha sido feito” pelas cooperativas de produção. “Tenho uma referência muito marcante dessa exposição”. Sobre a feira, além da “tradição”, descreve-a como um evento que “traz desenvolvimento à cidade”.

JOÃO JALECA, chefe de redação do Brados do Alentejo

Uma feira que é “fator de desenvolvimento”

Chefe de redação do “Brados do Alentejo”, João Jaleca é presença habitual na FIAPE, certame a que vai desde a década de 80, “quando tudo era novo”. Depois, a feira tornou-se “rotina”, sendo que outro momento “marcante” foi a “passagem” do Rossio para o Parque de Feiras. “Tenho acompanhado a evolução da feira, um evento que representa um fator de desenvolvimento para toda a região envolvente”. Diz João Jaleca, orgulhoso, que  “nunca” foi à Ovibeja, que agora se realiza pela mesma altura, e que uma prova do sucesso da FIAPE está no facto de a feira de Beja “alterar constantemente a data da sua realização”. 

Puxando pela memória, o jornalista lembra-se de ter acompanhado de perto “todos os passos” da primeira edição da FIAPE, que na altura não ficou imune a alguma polémica local: “Foi construída uma instalação provisória para o gado, uma coisa enorme no meio do Rossio, e chegou a haver quem considerasse que se tratava de um atentado ambiental. A verdade é que a feira correu muito bem, ficou na nossa memória coletiva  e passou a ocupar um espaço próprio a nível regional”.

JOSÉ ALBINO, empresário

Um certame “enquadrado” nos tempos atuais

Empresário e fundador do PS em Estremoz, José Albino confessa ter algumas “saudades” do tempo em que a FIAPE se realizava no Rossio, a “sala de visitas” da cidade. “Qual era a vantagem? É que as pessoas estavam dentro da cidade, deslocavam-se com maior facilidade e não tinham que andar com carros atrás”. De um ponto de vista histórico, acrescenta, “era uma coisa menos sofisticada do que acontece agora, mais virada para o povo, mas havia um movimento interessante e faziam-se bons negócios”. 

Segundo José Albino, hoje os tempos “são outros”, os visitantes procuram mais “a parte gastronómica” e os concertos, embora o certame tenha conseguido manter, e valorizar, as exposições pecuárias, já realizadas num pavilhão próprio. “É um certame enquadrado nos tempos atuais, onde não se fazem tantos negócios como no passado, mas com uma componente de restauração muito valorizada”.

CLÁUDIO HENRIQUES, ator e encenador

Celebração, alegria e divertimento

Primeiro começou a frequentar a FIAPE com a família, depois com os amigos, em “momentos únicos de convívio, de partilha e de diversão”. Diz o ator Cláudio Henriques, do Coletivo Cultura Alentejo, que a feira “sempre foi um momento de muita celebração, de alegria e de divertimento”. A esse convívio acrescenta a “oportunidade” de assistir a “bons espetáculos de música”, ao reencontro das famílias e, sim, também à componente agropecuária: “É um ambiente muito específico, nem toda a gente está familiarizada com esta dimensão agropecuária da FIAPE, dos cavalos às ovelhas”. Para Cláudio Henriques, outra componente “muito relevante” é a gastronómica, ou não fosse este um espaço onde “nos juntamos para ter boas refeições e ouvir boa música”.

JOSÉ ALBERTO FATEIXA, professor

“Uma fantástica aventura”

José Alberto Fateixa já foi “chamado”, por duas vezes, a participar na organização da FIAPE. A primeira, entre 1990 e 1993, descreve-a como tendo sido uma “fantástica aventura”, marcada por uma boa dose de improvisação: “Num desses anos surgiu-nos uma dificuldade enorme decorrente de não termos local para realizar os espetáculos. Lembrei-me que seria interessante fazê-lo na igreja junto à Câmara Municipal e a verdade é que acabaram por ser momentos absolutamente emocionantes, numa sala fantástica”. Tinha 30 e poucos anos. E a experiência, resume, foi “quase romântica” pois “nunca tinha feito nada semelhante, muito menos com aquela escala, construindo um projeto de futuro para a região”. 

A segunda vez em que teve responsabilidades na organização da Feira foi entre 2005 e 2009, período em que José Alberto Fateixa presidiu à Câmara Municipal: “O Parque de Feiras não tem uma lógica organizacional, mas é muito mais fácil organizar a feira, distribuir os expositores, há toda uma outra dinâmica menos romântica mas mais consequente” em termos de atividade económica. “A FIAP”, sublinha, “é o momento maior que ocorre ao longo do ano, que permite mostrar a capacidade produtiva local e mobilizar as forças económicas e sociais da terra para um grande momento de promoção do concelho”.

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