A poeta Maria Lis encerra residência artística na Associação Pó de Vir a Ser, em Évora, com a apresentação de “Enclave”. Será no próximo dia 9 de novembro, pelas 15h00.
O que aconteceria se, de algum modo, puséssemos o leme nas mãos das crianças, oferecendo-lhes os nossos restos e sobras, perguntando-lhes: o que fazemos agora? como poderíamos raspar na matéria outras formas de mundo?
Maria Lis foi à procura de objectos sem uso, remetidos aos dias passados, uma peneira, uma caixa de comprimidos, uma balança para cartas, um limpador de espingardas, algumas pedras, uma goteira e outras miudezas e entregou-os a várias crianças para lhes perguntar: e com estas coisas que já temos, também podemos fazer outro mundo?
Trata-se de tentar raspar com as unhas uma forma nova num material antigo, esculpir maneiras de continuar apesar dos tantos entraves. Uma geografia de entrelinhas, de silêncios e de mãos-na-massa, as imagens de Ana Filipa Correia, os objectos à espera de ânimo e o texto escrito no contexto desta residência pela Maria Lis, “Enclave”, editado agora pela Língua Morta, poderão agora ser vistos, ouvidos e mexidos. A residência artística da poeta Maria Lis integrou as atividades do programa bienal da Pó de Vir a Ser, “ A Condição do Campo”.
Maria Lis vive em Lisboa, onde brinca, escreve, desenha e canta. Publicou o livro “Quando Onde “(Tigre de Papel, 2022), com Miguel Cardoso, e o livro de poemas “Turbulenta Forma” (Língua Morta, 2023). Em 2024, ilustrou a “Correspondência entre Antonin Artaud e Jacques Rivière” (Tigre de Papel), participou com o ensaio “Medida Inteira” no quinto número da “Revista Lote” e, entre outros projectos de desenho e de escrita, publica agora o livro “Enclave” (Língua Morta) que resulta da residência de escrita na Pó de Vir a Ser e do trabalho conjunto com a fotógrafa Ana Filipa Correia.
Fotografia: Ana Filipa Correia