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José Alberto Fateixa: “Geoestratégia de Portugal”

José Alberto Fateixa, professor | Opinião

O debate no momento político que estamos a atravessar não tem dado atenção a temas tão importantes como as relações internacionais e a política de defesa. Afirmo com convicção que os cenários construídos poderão nos próximos tempos ser profundamente alterados pela evolução global.

As duas guerras em curso, ainda que localizadas, têm reflexos globais e não há sinais reais do seu fim. A guerra na Ucrânia conduziu a um apoio solidário, financeiro e militar por parte da União Europeia (UE), logo também de Portugal, e dos Estados Unidos. Lembro que a guerra tem dificultado o acesso a bens alimentares essencias de que a Ucrânia é grande produtora (ex. trigo) levando a subida dos preços de muitos produtos.

A guerra na Palestina destapou mais o problema do petróleo (transporte e preço). Os principais fornecedores são países árabes do Médio Oriente e o transporte que era feito através do Canal do Suez, com os ataques dos radicais Houthis a navios mercantes ocidentais, em especial petroleiros, são forçados a retomarem a passagem pelo Cabo das Tormentas, o que acresce milhares de quilómetros em viagens, com consequências diretas nos aumentos de preços dos combustíveis e de um modo geral com reflexos em toda a economia.

O nosso posicionamento geoestratégico está desde há muito ligado à NATO. Se olharmos com realismo para a NATO apenas os Estados Unidos, o Reino Unido e a França têm forças armadas, e Portugal como os outros países há muito tempo enfraqueceu investimentos nas forças armadas. Recordo que Portugal tem grandes responsabilidades internacionais nas comunicações Europa-América, nas imensas zonas marítimas e uma base aérea das Lages, determinante na defesa em pleno Oceano Atlântico.

Nos últimos dias fomos confrontados com o desvario tempestuoso de Trump, que pode ser eleito Presidente dos Estados Unidos este ano, com ameaças que corroem as razões da NATO existir e a expressar indiferença face a eventuais avanços para ocidente da Rússia do ditador Putin. Rússia que esta semana foi no- tícia com a morte do prisioneiro e principal opositor, Alexei Navalny.

Deixo preocupações e convido cada um a levá-las em conta nas escolhas eleitorais. Que garantias de defesa têm as democracias ocidentais? Que opções deve fazer a UE na área da energia e na política agrícola comum para ser menos dependente?

A diminuição da dívida pública de Portugal é um fator decisivo quer para possibilitar a melhoria da vida quer para lidar com a as imprevisibilidades globais. Mas, como vai Portugal comportar-se na política de defesa? Que modernização para as nossas forças armadas, a que ritmo e com que prioridades? Pode a terra, o mar e a indústria de defesa ser fator de progresso, coesão e desenvolvimento? Ou fi- camos orgulhosamente sós, ou até fora da UE e da NATO?

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